sexta-feira, 30 de março de 2012

Hora do Planeta 2012 - Eu vou participar e você?



 

Jesus e Mediunidade ::

XXVI - JESUS  E  MEDIUNIDADE
 
André Luiz



          
DIVINA MEDIUNIDADE – Em nos reportando a qualquer estudo da mediunidade, não podemos ovildar que Jesus, ela assume todas as características de exaltação divina(19)
          (19) Em “A Gênese” (págs. 293 e 294, FED, 12° edição), anota Allan Kardec, com referência aos fenômenos da mediunidade em Jesus:
          “Agiria como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porquanto de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderias vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus”. – (Nota indicada pelo Autor espiritual.)
          Desde a chegada do Excelso Benfeitor ao Planeta, observa-se-lhe o pensamento sublime penetrando o pensamento da Humanidade.
          Dir-se-ia que no estábulo se reúnem pedras e arbustos, animais e criaturas humanas, animais e criaturas humanas, representando os diversos reinos da evolução terrestre, para receber-lhe o primeiro toque mental de aprimoramento e beleza.
          Casam-se os hinos singelos dos pastores aos cânticos de amor nas vozes dos mensageiros espirituais, saudando Aquele que vinha libertar as nações, não na forma social que sempre lhes será vestimenta às necessidades de ordem coletiva, mas o adito das almas, em função da vida eterna.
          Antes dele, grandes comandantes da idéia haviam pisado o chão do mundo, influenciando multidões.
          Guerreiros e políticos, filósofos e profetas alinhavam-se na memória popular, recordamos como disciplinadores e heróis, mas todos desfilaram com exércitos e fórmulas, enunciados e avisos, em que se misturam retidão e parcialidade, sombra e luz.
          Ele chega sem qualquer prestígio de autoridade humana, mas, com a sua magnitude moral, imprime novos rumos à vida, por dirigir-se, acima de tudo, ao espírito, em todos os climas da Terra.
          Transmitindo as ondas mentais das Esferas Superiores de que procede, transita entre as criaturas, despertando-lhes as energias para a Vida Maior. Como que a tanger-lhes as fibras recônditas, de maneira a harmonizá-las com a sinfonia universal do Bem Eterno.
          MÉDIUNS PREPARADORES – Para recepcionar o influxo mental de Jesus, o Evangelho nos dá notícias de uma pequena congregação de médiuns, à feição de transformadores elétricos conjugados, para acolher a força e armazená-la, de princípio, antes que se lhe pudessem canalizar os recursos.
          E longe de anotarmos aí a presença de qualquer instrumento psíquico  menos seguro do ponto de vista moral, encontramos importante núcleo de medianeiros, desassombrados na confiança e corretos na diretriz.
          Informamo-nos, assim, nos apontamentos da Boa Nova, de Zacarias e Isabel, os pais de João Batista, precursor do Médium Divino, <eram ambos justos perante Deus, andando sem repreensão, em todos os mandamentos e preceitos do Senhor> (20), que Maria, a jovem simples de Nazaré, que acolheria o Embaixador Celeste nos braços maternais, se achava <em posição de louvor diante do Eterno Pai> (21), que José da Galiléia, o varão que o tomaria sob paternal tutela, <era justo> (22),  que Simeão, o amigo abnegado que o aguardou em prece, durante longo tempo, <era justo e obediente a Deus> (23), e que Ana, a viúva que o esperou em oração, no templo de Jerusalém, por vários lustros, vivia <servindo a Deus> . (24)
          Nesse grupo de médiuns admiráveis, não apenas pelas percepções avançadas que os situavam em contacto com os Emissários Celestes, mas também pela conduta irrepreensível de que  forneciam testemunho, surpreendemos o circuito de forças a que se ajustou a onda mental do Cristo, para daí expandir-se na renovação do mundo.
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(20) Lucas 1:5.
(21) Lucas 1:30.
(22) Mateus 1:19.
(23) Lucas 2:25.
(24) Lucas 2:37.
         
          EFEITOS FÍSICOS – Cedo começa para Mestre Divino, erguido à posição de Médium de Deus, apostolado excelso em que lhe caberia carrear as noções da vida imperecível para a existência na Terra.
          Aos dozes anos, assenta-se entre os doutores de Israel, <ouvindo-os e interrogando-os> (25), a provocar admiração pelos conceitos que expendia e a entremostrar a sua condição de intermediário entre culturas diferentes.
          Iniciando a tarefa pública, na exteriorização de energias sublimes, encontramo-lo em Cana da Galileia, oferecendo notável demonstração de efeitos físicos, com ação a distância sobre a matéria, em transformando a água em vinho(26). Mas, o acontecimento  não permanece circunscrito ao âmbito doméstico, porquanto, evidenciando a extensão dos  seus poderes, associados ao concurso dos mensageiros espirituais que, de ordinário, lhe obedeciam às ordens e sugestões, nós o encontramos, de outra feita, a multiplicar pães e peixes(27), no tope do monte, para saciar a fome da turba inquieta que lhe ouvia os ensinamentos, e a tranqüilizar a Natureza em desvario (28), quando os discípulos assustados lhe pedem socorro, diante da tormenta.
          Ainda no campo da fenomenologia física ou metapsíquica objetiva, identificamo-lo em plena levitação, caminhando sobre as águas (29), e em prodigiosa ocorrência de materialização ou ectoplasmia, quando se põe a conversar, diante dos aprendizes, com dois varões desencarnados que, positivamente, apareceram glorificados, a lhe falarem de acontecimentos próximos.(30).
 
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(25) Lucas 2:46.
(26) João   2:1-12.
(27) João   6:1-15
(28) Marcos 4:35-41
(29) Marcos 6:49-50
(30) Lucas 9:28-32
 
          Em Jerusalém, no templo, desaparece de chofre, desmaterializando-se, ante a espectação geral (31), e, na mesma cidade, perante a multidão, produz-se a voz direta, em que bênçãos divinas lhe assinalam a rota(32)
          Em cada acontecimento, sentimo-lo a governar a matéria, dissociando-lhe os agentes e reintegrando-os à vontade, com a colaboração dos servidores espirituais que lhe assessoram o ministério de luz.
          EFEITOS INTELECTUAIS – No capítulo dos efeitos intelectuais ou, se quisermos, nas provas da metapsíquica subjetiva, que reconhece a inteligência humana como possuidora de outras vias de conhecimento, além daquelas que se constituem dos sentidos normais, reconhecemos Jesus nos mais altos testemunhos.
          A distância da sociedade hierosolimita, vaticina os sucessos amargos que culminariam com a sua morte na cruz(33). Utilizando a clarividência que lhe era peculiar, antevê Simão Pedro cercado de  personalidades inferiores da esfera extrafísica, e avisa-o quanto ao perigo que isso representa para a fraqueza do apóstolo (34). Nas últimas instruções, ao pé dos amigos, confirmando a profunda lucidez que lhe caracterizava as apreciações percucientes, demonstra conhecer a perturbação consciencial de Judas(35), a despeito das dúvidas que a ponderação suscita entre os ouvintes. Nas preces de Getsêmani, aliando clarividência e clariaudiência, conversa com um mensageiro espiritual que o reconforta.(36)
 
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(31) João  7:30
(32) João  12:28-30
(33) Lucas  18:31-34
(34) Lucas  22:31-34
(35) João  13:21-22
(36) Lucas 22:43
 
          MEDIUNIDADE CURATIVA  -  No que se refere aos poderes curativos, temo-los em Jesus nas mais  altas afirmações de grandeza. Cercam-no doentes de variada expressão. Paralíticos estendem-lhe membros mirrados, obtendo socorro. Cegos recuperam a visão. Ulcerados mostram-se limpos. Alienados mentais, notadamente obsidiados diversos, recobram equilíbrio.
          É importante considerar, porém, que o Grande Benfeitor a todos convida para a valorização das próprias energias.
          Reajustando as células enfermas da mulher hemorroíssa, diz-lhe, convincente:  - <Filha, tem bom ânimo!a tua fé te curou.>(37) Logo aos, tocando os olhos de dois cegos que lhe recorrem à caridade, exclama: <Seja feito, segundo a vossa fé.> (38)
          Não salienta a confiança por simples ingrediente de natureza mística, mas sim por recurso de  ajustamento dos princípios mentais, na direção da cura.
          E encarecendo o imperativo do pensamento reto para a harmonia do binômio mente-corpo, por várias vezes o vemos impelir os sofredores aliviados à vida nobre, como no caso do paralítico de Betesda, que, devidamente refeito, ao reencontrá-lo no templo, dele ouviu a advertência inesquecível: - <Eis que já estás são. Não peques mais, para que não suceda coisa pior.>(39)
          EVANGELHO E MEDIUNIDADE – A prática da mediunidade não está somente na passagem do Mestre entre  os homens, junto dos quais, a cada hora, revela o seu intercâmbio constante com o Plano Superior, seja em colóquios com os emissários de alta estirpe, seja em se dirigindo aos aflitos desencarnados, no socorro aos obsessos do caminho, mas também na equipe dos companheiros, aos quais se apresenta em pessoa, depois da morte, ministrando instruções para o edifício do Evangelho nascente.
          No dia de Pentecostes, vários fenômenos mediúnicos marcam a tarefa dos apóstolos, mesclando-se efeitos físicos e intelectuais na praça pública, a constituir-se a mediunidade, desde então, em viga mestra de todas as construções do Cristianismo, nos séculos subseqüentes.
          Em Jesus e em seus primitivos continuadores, porém, encontramo-la pura e espontânea, como deve ser, distante de particularismos inferiores, tanto quanto isenta de simonismo. Neles, mostram-se os valores mediúnicos a serviço da Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria, na qual os regulamentos divinos, em todos os mundos, instituem  responsabilidade moral segundo o grau de conhecimento, situando-se, desse modo, a Justiça Perfeita, no íntimo de cada um, para que se outorgue isso ou aquilo, a cada Espírito, de conformidade com as próprias obras.
 
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(37)   Mateus 9:22
(38)   Mateus 9:29
(39)   João  5:14
 
 
O Evangelho, assim, não é o livro de um povo apenas, mas o código de Princípios Morais de Universo, adaptável a todas as pátria, a todas as comunidades, a todas as raças e a todas as criaturas, porque representa, acima de tudo, a carta de conduta para a ascensão da consciência à imortalidade, na revelação da qual Nosso Senhor Jesus-Cristo empregou a mediunidade sublime com agente de luz eterna, exaltando a vida e aniquilando a morte, abolindo o mal e glorificando o bem, a fim de que as leis humanas se purifiquem e se engrandeçam, se santifiquem e se elevem para a integração com as Leis de Deus.
                                                     Do livro: Mecanismos da Mediunidade

Do livro:  Mecanismos da Mediunidade 
Psicografia: Francisco Candido Xavier e Waldo Vieira
Pelo Espírito de : André Luiz

Mediunidade de Cura ::

Rosane A.
É uma faculdade que alguns médiuns possuem para curarem moléstias. Ocorre de forma espontânea. Podem realizar curas, provocando reações reparadoras de tecidos e órgãos do corpo humano, através de um toque de mãos, pelo olhar ou por um gesto.
Não podemos confundir mediunidade de cura com magnetização. A magnetização é um tratamento contínuo, regular e metódico; ao passo que a cura realizada por um médium curador ocorre espontaneamente e de forma instantânea.
O médium curador além do magnetismo próprio, tem o Dom de captar, condensar, e dinamizar os fluídos cósmicos (substância cósmica fundamental) e transmiti-los para a zona doente de forma ordenada .
Os fluídos transmitidos possuem propriedades e efeitos que variam de acordo com a fonte geradora, de vibração específica, como por exemplo o sentimento do médium durante a emissão dos mesmos.
Nos fenômenos de cura os fluídos são sutis, radiantes e próprios para alterar as vibrações existentes.
O médium curador capta os fluídos leves e benignos da natureza ( através da concentração mental, com o pensamento firme no intuito de fazer a reparação dos tecidos doentes) e irradia-os sobre o doente. Quando está vibrando em ressonância com o Cristo, gera forças de alto poder curador que vertem sobre o doente que também está em vibração de fé e desejo de cura.
Nos médiuns curadores o centro diafragmático, localizado atrás do plexo solar (no chacra umbilical) é muito grande e desenvolvido, e é chamado de Centro de Cura. Também é considerado como um Centro da vontade como aquele entre os omoplatas, este centro também é maior em médiuns curadores.
Estes médiuns também possuem os chacras tatwas( nas palmas das mãos) muito desenvolvidos pois é por onde canalizam os fluídos curadores para os doentes. Exemplo disto é quando qualquer dor que sintamos, colocamos imediatamente a nossa mão sobre o local da dor para que possa ser restabelecido o equilíbrio dos elétrons. As pessoas fracas gostam de estar segurando as mãos das mais fortes e os enfermos também fazem com os sadios.
Os médiuns curadores captam as energias cósmicas através dos chacras coronário, umbilical e Umeral e as canalizam para as suas mãos ou seus pensamentos. Este fluídos penetram o corpo etérico e físico do doente atingindo as células e seus átomos, bombardeando-os com elétrons. Isto faz com que a vibração dos mesmos seja harmonizada tornando assim as células mais ativas, acelerando as suas trocas químicas. Estas alterações fazem com que as células restabeleçam a sua capacidade regenerativa, equilibrando-se e reativando as suas funções originais.
Agindo através dos chacras do doente atingem o seu perispírito; purificando-o pela aceleração vibratória auxiliando assim a realizar a cura no corpo astral do doente.
Porém, as moléstias de ordem cármica só podem ser curadas se houver merecimento do doente, mas mesmo assim sempre haverá benefícios para o mesmo.
Para que a cura seja efetiva, o médium curador deve orientar o doente para a reeducação da sua atitude mental, afastando a causa do desequilíbrio patológico, através de pensamentos positivos, fé e esperança.
O médium pode associar várias técnicas ao seu Dom curador, assim como o Reiki, Magnify Healing, a Cromoterapia, Cristalterapia, entre tantas outras.
Todas os requisitos necessários ao médium passista também se aplicam ao médium curador, como os de conduta, de asseio, de reforma moral, etc.

BIBLIOGRAFIA: O livro dos médiuns - Allan Kardec



Introdução ao livro dos médiuns::


Oi, amigos (as)!
Este link fornece um estudo sobre a mediunidade muito interessante!
Abraços

Influência Moral do Médium: O Bom Médium

 
MEDIUNIDADE

ESTUDO 12: Influência Moral do Médium:  O Bom Médium

            Em estudo anterior, vimos que o fenômeno mediúnico ocorre independente da moral do médium e que cabe a este, aperfeiçoar-se para se tornar um instrumento adequado aos Bons Espíritos. 
            Assim considerando, sabemos ser difícil encontrar um médium perfeito, porque não há perfeição sobre a Terra. O médium perfeito seria aquele que os maus Espíritos jamais ousassem fazer uma tentativa de enganar; assim, o melhor é o que, simpatizando somente com os bons Espíritos, seja enganado menos vezes. 
Aqui cabe uma pergunta: Por que os bons Espíritos permitem que o médium seja enganado ? 
            Para que exercite seu julgamento e aprenda a discernir o verdadeiro do falso. Além disso, por melhor seja um médium, jamais é tão perfeito que não tenha um lado fraco, pelo qual possa ser atacado. As comunicações falsas que recebe de quando em quando são advertências para que não se julgue infalível e se torne orgulhoso.
Portanto, quem é o bom médium ?
            Recorremos ao Evangelho Segundo o Espiritismo, cap XVII, item 3, O Homem de Bem, para responder a esta questão:
            "O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça , amor e caridade, na sua maior pureza. Se interroga a sua consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar nenhuma ocasião de ser útil. Se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros tudo aquilo que queria que os outros fizessem por ele."
            Assim podemos compreender que sendo a mediunidade um processo de vida, o médium não pode apresentar duplicidade de comportamento, isto é, o bom médium e o homem de bem são a mesma pessoa. Se a vida exige de cada pessoa disciplina e responsabilidade frente aos inúmeros estímulos que recebe, se espera equilíbrio e brandura no lidar com o próximo além de resistência nas provas, a mediunidade e o médium se enriquecem de modo idêntico com essas conquistas. Não há educação mediúnica sem crescimento moral; se a mediunidade é para toda a vida, por que não o seria para todas as horas? Quem é médium não o é somente nas reuniões de intercâmbio espiritual. O médium não é alguém que possui uma chave "liga/desliga" que lhe permite estar ou não médium. 
            A faculdade mediúnica é um sentido profundo acompanhando seu detentor onde esteja. Isto não quer dizer que se deva entrar em transe a qualquer hora e lugar, porém perceber o que seja permitido, reservando-se o direito de permanecer lúcido e ativo no cumprimento de suas tarefas e compromissos sociais, permanecendo em sintonia com os Bons Espíritos, criando condições para servir de instrumento ao Bem onde e quando esse seja necessário.
            Através destas reflexões, compreende-se que o bom médium é aquele que torna sua existência um processo educativo, pelo aproveitamento de suas experiências, procurando assimilar e construir valores éticos e morais elevados. 
            Allan Kardec e os Espíritos Superiores recomendaram que, tão logo se constatem os sintomas da mediunidade, deve o médium buscar o estudo, a desdobrar-se em duas frentes distintas: Doutrina Espírita e suas relações com as diversas áreas do conhecimento, a primeira, e psicologia do comportamento, a segunda. 
            Praticar a mediunidade sem conhecer os mecanismos básicos da faculdade é como manipular substâncias sem o conhecimento de Química, como explica Kardec em O Que é o Espiritismo, Segundo Diálogo. Não há como trabalhar com segurança sem compreender importantes assuntos, tais como: finalidade do intercâmbio, as influências pessoal e moral do médium e do meio, a metodologia para distinguir a qualidade moral dos Espíritos e os obstáculos a superar ao longo do exercício etc. 
            Por sua vez, a análise do comportamento íntimo propicia, no início, o autodescobrimento, depois o autodomínio e posteriormente a auto-iluminação. Sendo o médium uma pessoa ultra-sensível, com emoções que oscilam mais que o habitual, o que lhe exige maior atenção e equilíbrio no lidar com as próprias impressões, deve sobrepor-se às emoções mais grosseiras bem como disciplinar as sensações do campo físico. 
            Este é um aprendizado lento, porém constante, mostrando uma estreita relação entre a educação para a mediunidade e a educação para a vida, e que o Homem de Bem e o Bom Médium são a mesma pessoa.
Bibliografia
Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo:FEESP, 1989 - Cap. XX , q. 229 – 230
Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo: 6ª ed.São Paulo: FEESP, 1990 – cap.XVII-3
Neves, J.; Azevedo, G.; Calazans, N.; Ferraz, J. - "Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de Miranda", 1.ed. Salvador:LEAL, 1994, Cap. 8
Tereza Cristina D'Alessandro
Junho / 2002

O "Problema" de Mediunidade



MEDIUNIDADE

ESTUDO 6: O  " Problema " de Mediunidade

           Devido à maior divulgação da Doutrina Espírita, um número crescente de pessoas busca a Casa Espírita esperando encontrar solução para seus diferentes problemas, muitos dos quais são erroneamente associados à mediunidade, fazendo com que esta seja confundida com um quadro patológico, por exemplo, com insônia, irritabilidade constante, dor de cabeça, sintomas esses representando a aproximação e influência de Espíritos desencarnados.
           Muitos centros recebem essas pessoas e as encaminham para reuniões mediúnicas, desconsiderando o "lado psicológico" que as mesmas trazem. Outras vezes, classificam estes casos como sendo "obsessão" e as encaminham para reuniões de desobsessão. O Livro dos Espíritos nos ensina que os encarnados não são seres destituídos de vontade, ou seja, passivos no processo de influência mediúnica. A vontade do encarnado estabelece seus vínculos espirituais. Portanto, no processo da influenciação mediúnica, o ser humano é totalmente ativo, exercitando o seu livre-arbítrio.
           Não adianta submeter uma pessoa ao "desenvolvimento" mediúnico ou às sessões de desobsessão, se ela não for sensibilizada a modificar seus comportamentos, se ela não se educar, se não se conhecer.
           A maioria dos "problemas" de mediunidade é problema de caráter pessoal. Mediunidade não é problema, é importante fator de aperfeiçoamento do Espírito.
Qual a origem desses conceitos sobre a mediunidade? O que sustenta essas ideias? Com certeza, a desinformação, opiniões apressadas, desejo de proselitismo, de criar e manter estados de dependência entre essas pessoas e a casa espírita, reforçando a velha idéia de que mediunidade é punição para aquele que não deseja trabalhar; transformada em "calvário", estrada de difícil vencida, onde se encontram dores e sombras, a mediunidade torna-se então uma punição utilizada pelas Leis Divinas para justificar os infratores ou para convocá-los ao caminho da retidão.
           Desse modo, propaga-se a idéia de que mediunidade mal desenvolvida, médium que se nega a trabalhar, produz todo tipo de "revezes da sorte", dificuldades sócio-econômicas, problemas de saúde, "desgraças" ao lar, e, às vezes, ate´a morte...
Como aclarar tal situação? Relembrando conceitos e definições que estão em "O Livro Dos Médiuns": "Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium..." (questão 159)
           Nesta definição, o verbo "sentir" expressa a idéia básica sobre a mediunidade: um sentido psíquico, de ordem paranormal, capaz de ampliar a capacidade do ser humano assegurando-lhe condições de servir de instrumento para a comunicação do Mundo Espiritual com o Mundo Material.
           Allan Kardec também registrou:
           "...Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns..." (questão 159)
           A capacidade mediúnica é considerada uma percepção inerente à estrutura psíquica das criaturas; por isso é que a encontramos nos mais diferentes níveis de consciência da humanidade. Ela não é moral, mas a moral do médium é que responde pelo seu uso. Ela é simplesmente uma das funções psicofisiológicas do Homem, podendo ser enquadrada como um dos sentidos que o Espírito encarnado utiliza a fim de manifestar-se e desenvolver-se, gradativamente, para a plenitude da Vida.
           Continuando, Kardec faz uma ressalva:
           "...Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva..."(questão 159)
           Ou então a questão 221: " A faculdade mediúnica é indício de algum estado patológico ou simplesmente anormal?
_ As vezes anormal, mas não patológico. Há médiuns de saúde vigorosa. Os doentes o são por outros motivos." Outro aspecto importantíssimo a ser considerado: Quem é o médium?
Um Espírito, ou seja, um ser que sente, pensa, quer e atende ao seu:
    • Planejamento Reencarnatório- a sua existência é um fato programado com características próprias, o que, perante as Leis Divinas, o torna herdeiro de si mesmo;
    • Ambientação Reencarnatória: a família, o trabalho, o contexto social, a situação financeira etc;
e que, devido ao processo mental, está em constante relação com outras mentes encarnadas e desencarnadas, estabelecendo processos que conhecemos por influenciações espirituais, através das quais se estabelecem vinculações por naturais processos de afinidade.
           Qual a finalidade da mediunidade segundo a DOUTRINA ESPÍRITA?

           Porque sempre estamos pensando, esses processos são constantes, ininterruptos, caracterizando o "todos somos médiuns", ou seja, a mediunidade está em nós como uma faculdade natural, na base de todas as nossas relações, sendo chamada de mediunidade generalizada. Constantemente atraímos e somos atraídos por mentes que estão em conformidade com o nosso pensar do momento, caracterizando estados alterados de percepção, de humor, de disposição física, muitos semelhantes aos estados associados aos sintomas mediúnicos.
           A mediunidade também se expressa de modo mais intenso, sempre baseada na relação de sintonia mental, em pessoas que possuem sensibilidade bastante acentuada, caracterizando a mediunidade de serviço, através da qual o médium não desfruta apenas as vantagens da mediunidade generalizada, pois se vê investido de uma missão mediúnica a que os Espíritos deram o nome de mediunato.
           Portanto, encontramos:
    • MEDIUNIDADE NATURAL (Generalizada) - um instrumento para o progresso do Espírito.
    • MEDIUNIDADE DE SERVIÇO (Mediunato) - podendo aparecer sob a forma de mediunidade atormentada em razão do pretérito do próprio médium, devendo receber tratamento adequado, mas será também um instrumento para o progresso do Espírito;
    • SINTOMAS DE FUNDO MEDIÚNICO - alterações de comportamentos que tratadas coerentemente, com a utilização da terapia do Evangelho de Jesus e se necessário, com acompanhamento terapêutico adequado, desaparecerão, permanecendo apenas o resultado de experiências que certamente levam ao crescimento espiritual.
    O Centro Espírita deve oferecer através do estudo e prática da Doutrina Espírita, meios para despertar o Ser, sensibilizando-o para que se comprometa consigo e com a Vida.
           "A mediunidade à luz do Espiritismo é bendita prova para o Espírito liberar-se de problemas complexos (...), onde o Ser se alça das baixas vibrações para as faixas superiores da Vida."           E as dores e dificuldades a vencer ?           "Não decorrem do fato mediúnico, mas antes dos débitos do médium, efeito da sua leviandade, invigilância e ações negativas, que ora lhe pesam como justa carga de que se deve liberar como as demais criaturas, mediante esforço e sacrifício, renúncia e amor." 
           "Cada médium é um Espírito em luta com as suas conquistas e deficiências".
           Pode a mediunidade tornar-se um problema ?
           "Abandonar uma enxada, é deixá-la ao tempo, abandonar a faculdade mediúnica, não cuidando dela, é abandonar-se, pois ela não deixa de existir, como todas as suas implicações" (companhias espirituais afins, efeitos no organismo físico e perispiritual, ...etc).
           A mediunidade é, por si mesma, uma aptidão neutra. O seu uso sempre estará conforme a moral daquele que a possui. Daí ser preciso uma ética para o seu exercício saudável.
           Como o Espiritismo orienta o uso da mediunidade ?           Enraizada na estrutura espiritual do indivíduo, a mediunidade necessitará de exercício e correta aplicação - conforme a programação individual. Com o Espiritismo, a mediunidade será praticada dentro de uma ética, visando à educação do Espírito. Assim, ele (o Espiritismo) oferecerá uma metodologia e recursos para a viabilização do exercício de automatização e para o despertar quanto à responsabilidade do médium na aplicação de seus recursos mediúnicos, conferindo-lhe oportunidade de discernimento através do,

    • Estudo consciente e sistemático
    • Trabalho metódico, - na vida social, cumprindo com os seus deveres
    • Cultivo da vigilância e da oração
    • Prática da caridade no seu sentido elevado
           " Nunca será demais que os médiuns se voltem para a reflexão, o silêncio interior e mergulho mental nas lições do Evangelho em que haurirão inspiração e resistência para as contínuas lutas contra o mal que, afinal, reina dentro de todos nós".
           Concluindo, é preciso compreender que mediunidade não é problema e sim, solução. Para que ela adquira a característica de problema, aquele que a possui está, talvez, se perdendo em processos naturais da vida, nos quais encontra desafios que, se bem enfrentados, fazem a diferença entre Ter problema e Serproblema.
           Emmanuel, na lição No Serviço Cristão, afirma: "Não adianta guardar a certeza na sobrevivência da alma, além da morte, sem o preparo terrestre na direção da vida espiritual".
           Sendo, então, cada um de nós um Espírito em luta com as suas conquistas e deficiências, reconhecemos em tudo isso, a mediunidade com Jesus, como o recurso salutar que Deus nos oferece agora, desde já, a fim de que possamos acordar o coração para a responsabilidade de viver, e, então, nos preparar adequadamente frente aos desafios por nós mesmos programados….desde antes.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

  1. KARDEC, ALLAN - O Livro dos Médiuns, Cap XIV e XVIII- FEESP . 2ª ed. São Paulo. 1989.
  2. FRANCO, DIVALDO P. - Enfoques Espíritas, pelo espírito Vianna de Carvalho, Lição 21 Considerações sobre a Mediunidade, LEAL, 3a. Ed. 1980.
  3. O "Problema de Mediunidade" - editorial da SBEE, 1989.
  4. INCONTRI, DORA - A Educação segundo o Espiritismo - 1ª Parte - Cap. I A Natureza Humana. FEESP, 1ª edição. 1997.
  5. NEVES, J.; AZEVEDO, G.; CALAZANS, N.; FERRAZ, J. "Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de Miranda", Cap. 1 - Conceitos. LEAL. 1ª edição. Salvador. 1994.
  6. Xavier, Francisco C. - Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel, FEB, 15ª edição, 1992.


Tereza Cristina D'Alessandro 
Novembro / 2001

Mediunidade infantil ::


A Mediunidade na Criança e no Jovem::

 
MEDIUNIDADE
 
Estudo 15:  A Mediunidade na Criança e no Jovem
 
 
 

Mediunidade é faculdade humana natural pela qual se estabelecem as relações entre os homens e os Espíritos; pertence ao campo da comunicação. Natural constatá-la na criança e no jovem, pois são Espíritos em experiências no mundo material, em processo de desenvolvimento físico, intelectual e moral, através dos quais serão ampliadas as suas potencialidades.
Analisando o aflorar da mediunidade em diferentes ciclos do desenvolvimento humano, o professor Herculano Pires, no livro Mediunidade, esclarece que as crianças possuem a mediunidade, por assim dizer, à flor da pele, porém são  resguardadas pela influência benéfica dos espíritos protetores, que as religiões chamam de anjo da guarda. Nessa fase infantil, as manifestações, em sua maioria são mais de caráter anímico; a criança projeta a sua alma nas coisas e nos seres que a rodeiam, recebem inspirações de amigos espirituais, às vezes vêem  e denunciam a presença de espíritos. Quando passam dos sete ou oito anos, integram-se melhor no condicionamento da vida terrena, desligando-se progressivamente das relações espirituais e dando mais importância às relações com os encarnados. Encerra-se o primeiro ciclo mediúnico para abrir o segundo. Considera-se então que a criança não tem mediunidade, a fase anterior é levada à conta  da imaginação e da fabulação infantil.
Allan Kardec, pergunta aos Espíritos na questão 221. de O Livro dos Médiuns, nos seguintes itens:
Item 6. :  “Será inconveniente desenvolver a mediunidade das crianças?”.
- Certamente. E sustento que é muito perigoso. Porque estes organismos frágeis e delicados seriam muito abalados e sua imaginação infantil muito superexcitada. Assim, os pais prudentes as afastarão dessas idéias, ou pelo menos só lhes falarão a respeito no tocante às conseqüências morais.
Item 7. :  “Mas há crianças que são médiuns naturais, seja de efeitos físicos, de  escrita ou de visões. Haveria nesses casos o mesmo inconveniente?”
- Não. Quando a faculdade se manifesta espontânea numa criança, é que pertence à sua própria natureza e que sua constituição é adequada. Não se dá o mesmo quando a mediunidade é provocada e excitada. Observe-se que a criança que tem visões, geralmente pouco se impressiona com isso. As visões lhe parecem muito naturais, de maneira que ela lhe dá pouca atenção e quase sempre as esquece. Mais tarde a lembrança lhe volta à memória e é facilmente explicada, se ela conhecer o Espiritismo.
             Item 8. : “Qual a idade em que se pode, sem inconveniente, praticar a mediunidade ?”
- Não há limite preciso na idade. Depende inteiramente do desenvolvimento físico e mais particularmente do desenvolvimento psíquico. Há crianças de doze anos que seriam menos impressionadas que algumas pessoas já formadas. Refiro-me à mediunidade em geral, pois a de efeitos físicos é mais fatigante para o corpo. Quanto à escrita há outro inconveniente, que é a falta de experiência da criança, no caso de querer praticá-la sozinha ou fazer dela um brinquedo.
Analisando essas explicações, entendemos que a questão da idade está subordinada tanto às condições do desenvolvimento físico, quanto às do caráter ou amadurecimento moral. No entanto, o que ressalta claramente das respostas acima é que não se deve forçar o aflorar mediúnico das  crianças, e que, caso haja o aflorar espontâneo, deve-se empregá-la com grande seriedade, sendo necessário dar  às crianças em geral, o ensino moral do Espiritismo, preparando-as para uma vida bem orientada pelo conhecimento doutrinário, sem qualquer excitação prematura das faculdades psíquicas que se desenvolverão no tempo devido.
É geralmente na adolescência, a partir dos doze ou treze anos que se inicia o segundo ciclo. No primeiro ciclo só se deve intervir no processo mediúnico com preces e passes, para abrandar as excitações naturais da criança, quase sempre carregadas de reminiscências estranhas do passado carnal ou espiritual. Na adolescência o seu corpo já amadureceu o suficiente para que as manifestações mediúnicas se tornem mais intensas e positivas, necessitando de esclarecimentos e condução adequados sobre a mediunidade.
As reuniões de estudo, especificamente as de Mocidade, voltadas para a integração do adolescente e jovem à Vida, quando conduzidas por evangelizadores preparados, representam importante fator de esclarecimento e desmistificação das nossas relações com os Espíritos.  Há adolescentes que se integram rápida e naturalmente à nova situação e se preparam seriamente para a atividade mediúnica. Outros rejeitam a mediunidade, por associá-la a inúmeras renúncias.  Muitos rejeitam as diretrizes espirituais instaladas em suas consciências, criando desvios e perturbações que trarão conseqüências mais tarde.
Nesse período, o adolescente se abre para contatos mais profundos com a vida e o mundo, sendo necessário ampliar sua visão da Vida, à luz da Doutrina Espírita. Estimulá-lo a fazer escolhas adequadas, mostrando-lhe que há renúncias necessárias, principalmente as relacionadas a si mesmo. Os exemplos dos familiares influem mais em suas opções do que ensinos e exortações. Começa a tomar conta de si mesmo e a firmar sua personalidade, necessitando ser respeitado, amado e compreendido, a fim de estruturar mais facilmente, o caminho que percorrerá com destino à Perfeição.
O adolescente e o jovem, este se enquadrando no terceiro ciclo, podem e devem ser estimulados a se descobrirem como Espíritos, plenos de potencialidades a serem desenvolvidas, vivenciando diversas experiências que lhes possibilitem crescimento espiritual. Merecem orientação adequada que os preparem para trabalhar com Jesus, onde quer que estejam,  aprendendo a servir, participando como agentes modificadores do meio, independente da idade cronológica, mas cientes da responsabilidade espiritual de fazer o melhor e ser feliz.
Muitos jovens crêem existir incompatibilidade entre o descobrir e experimentar as belezas e alegrias naturais da vida e a vivência mediúnica; falta-lhes, por ausência de conhecimento, o entendimento de que por serem Espíritos, vivem em constante relação com outros Espíritos, encarnados e desencarnados, sendo imprescindível disciplinar essa convivência, colocando o Evangelho em seu sentir, pensar e agir.
Quanto antes a criança e o jovem receberem esclarecimentos sobre a realidade espiritual da qual fazem parte, mais prontamente se tornarão aptos a trabalhar com Jesus, o que não implica exclusão de vivências no mundo; significa estar no mundo sem ser do mundo, daí a mediunidade fundamentar-se na vida de relação, estabelecendo convivências, exigindo definição de propósitos, atitudes diferentes, possibilitando crescimento moral e espiritual, que tornarão esses Espíritos, hoje crianças ou jovens, em homens de bem, construtores do Mundo Melhor, ao qual todos aspiramos.
    Bibliografia:
  • KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns:  2a. ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. XXI, q. 221, itens 6, 7 e 8.
  • PIRES, J. Herculano - Mediunidade:  2a. ed. São Paulo: PAIDÉIA, 1992 - Cap. I.
Tereza Cristina D'Alessandro
Setembro / 2002
 
http://www.cebatuira.org.br/EstudodaMediunidade/mediunidade_016.htm

Como ajudar uma criança que vê espíritos?


Ciência e Espiritualidade :: Mediunidade nos animais


Mediunidade nos animais ::


MEDIUNIDADE

Estudo 17:  Mediunidade nos Animais



    A questão da mediunidade nos animais apareceu no tempo de Kardec e foi  objeto de estudos e debates na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Tanto os Espíritos,quanto Kardec e a Sociedade Espírita consideraram o assunto como sem fundamento.
            O animal pode ser considerado como o último elo da cadeia evolutiva que culmina no homem. Depois da Humanidade inicia-se um novo ciclo da evolução com a Angelitude (Reino Espiritual).  Não há descontinuidade na evolução. Tudo se encadeia no Universo, como acentuou Kardec.
            A teoria doutrinária da criação dos seres, isto é, a Ontogênese Espírita (do grego: onto é ser; logia é estudo) revela o processo evolutivo a partir do reino mineral até o reino hominal.
Léon Denis a divulgou numa sequência poética e naturalista: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem“. Entre cada uma dessas fases existem faixas intermediárias , nas quais o ser guarda características da fase que está deixando, incorporando-se à próxima, sem que  esteja plenamente caracterizado.  Assim, a teoria espírita da evolução considera o homem como um todo formado de espírito e matéria. A própria evolução á apresentada como um processo de interação entre esses dois elementos.
Cada fase, definida num dos reinos da Natureza, caracteriza-se por condições próprias, como resultantes do desenvolvimento de potencialidades dos reinos anteriores. Só nas zonas intermediárias, que marcam a passagem de uma fase para a outra, existe misturas das características anteriores com as posteriores.
Por exemplo: entre o reino vegetal e o reino animal, há a zona dos vegetais carnívoros; entre o reino animal e o reino hominal, há a zona dos antropóides. A teoria da evolução se confirma na pesquisa científica por dados evidentes e significativos.
A caracterização específica de cada reino define as possibilidades de cada um deles e limita-os em áreas de desenvolvimento próprio. A pedra não apresenta sinais de vida,  embora em seu núcleo estrutural intensa atividade esteja  se processando nas forças de atração; o vegetal tem vida e sensibilidade, o animal acrescenta às  características da planta a mobilidade e os órgãos sensoriais específicos, com inteligência em processo de desenvolvimento. Somente no homem todas essas características dos reinos naturais se apresentam numa síntese perfeita e equilibrada, com inteligência desenvolvida, razão e pensamento contínuo e criador. Mas a mais refinada conquista da evolução, que marca o homem com o endereço do plano angélico (Reino Espiritual) é a Mediunidade. Função sem órgão, resultante de todas as funções orgânicas e psíquicas da espécie, a Mediunidade é a síntese por excelência, que consubstancia todo o processo evolutivo da Natureza. Querer atribuí-la a outras espécies que não a humana é absurdo, uma vez que mediunidade requer processo de sintonia impossível de acontecer no pensamento fragmentado do animal. Por isso, todos os que querem encontrá-la nos animais a reduzem a um sistema comum de comunicação animal, desconhecendo-lhe a essência para só encará-la através dos efeitos.
O ponto de máximo absurdo nessa teoria da mediunidade nos animais é a aceitação de “incorporação” de espíritos humanos em animais.
As comunicações mediúnicas são possíveis somente no plano humano. A Natureza emprega os processos das formas no desenvolvimento das espécies animais e no crescimento das criaturas humanas, sempre no âmbito de cada espécie e segundo as leis das lentas variações da formação dos seres. Jamais o Espiritismo admitiu os excessos de imaginação que o fariam perder de vista as regras do bom senso e a firmeza com que avança na conquista dos mais graves conhecimentos de que a Humanidade necessita para prosseguir na sua evolução moral e espiritual.
As pesquisas parapsicológicas atuais demonstram a percepção extra-sensorial  no animal que lhes permite perceber (enxergar, ouvir) vibrações de ondas não passíveis de serem captadas pelo sensório humano.
            Certas faculdades dos animais são agudas como a visão na águia e no lince, a do olfato e da audição nos cães, a da direção nas aves e animais marinhos; faculdades estas desenvolvidas na medida das necessidades de sobrevivência de certas espécies.
As nossas faculdades correspondentes são menos acentuadas, porque já possuímos outros meios para aferir a realidade, usando faculdades superiores de que temos maior necessidade no campo da evolução espiritual. A percepção extra-sensorial é muito difundida no reino animal, e os espíritos incumbidos de zelar por esse reino, em certos casos podem excitar suas percepções para atender a circunstâncias especiais. Os casos de animais que se recusam a passar num trecho da estrada porque este é assombrado - segundo lendas, nada tem que ver com a mediunidade. Muitas vezes o animal se recusa porque percebeu não um espírito, mas sim a presença de uma serpente no mato.  
Na Revista Espírita, Junho de 1860, pg 179, no artigo - O Espírito e o Cãozinho - é relatado o caso de um cão que percebia a presença do Espírito de seu dono, desencarnado havia pouco. É perguntado ao Espírito do rapaz por que meios o cão o reconhece, e ele responde:
“A extrema finura dos sentidos do cão”.
Posteriormente o Espírito Charles comunica-se explicando:
“A vontade humana atinge e adverte o instinto dos animais, sobretudo dos cães, antes que algum sinal exterior o revele. Por suas fibras nervosas o cão é colocado em relação direta conosco, Espíritos, quase tanto quanto com os homens: percebe as aparições; dá-se conta da diferença existente entre elas e as coisas reais ou terrenas, e lhes tem muito medo”.
“(...) Acrescentarei que seu órgão visual é menos desenvolvido do que as suas sensações; ele vê menos do que sente; o fluido elétrico o penetra quase que habitualmente”.
            Desse modo, compreendemos que o cão percebe a presença de Espíritos, não através da mediunidade, mas através da percepção peculiar acentuada e por ser, em princípio, constituído do mesmo fluido que os Espíritos.           
Outros casos comentados são as aparições de animais - fantasmas. Na Revista Espírita - Maio de 1865, pg 125 a 129, é relatada a aparição de uma cachorra chamada Mika.
            Será que o princípio inteligente, que deve sobreviver nos animais como no homem, possuiria, em certo grau, a faculdade de comunicação como o Espírito humano?
            Posteriormente, é recebida a seguinte comunicação de um Espírito, sobre o assunto (transcrevemos parte dela):
            “(...) Assim, a manifestação pode dar-se, mas é passageira, porque o animal para subir um degrau, necessita de um trabalho latente que aniquila, em todos, qualquer sinal exterior de vida. Esse estado é a crisálida espiritual, onde se elabora a alma, perispírito informe, não tendo nenhuma figura reprodutiva de traços (...)“.
            “(...) que o animal, seja qual for, não pode traduzir seu pensamento pela linguagem humana, suas idéias são apenas rudimentares; para ter a possibilidade de exprimir-se como faria o Espírito de um homem, ele necessitaria ter idéias, conhecimentos e um desenvolvimento que não tem, nem pode ter. Tende, pois,como certo, que nem o cão, o gato, o burro, o cavalo ou o elefante, podem manifestar-se por via mediúnica. Os Espíritos chegados ao grau da humanidade, e só eles, podem fazê-lo, e ainda em razão do seu adiantamento porque o Espírito de um selvagem não vos poderá falar como o de um homem civilizado”.
            As manifestações de fantasmas-animais não são naturalmente conscientes como as de criaturas humanas, mas são produzidas por entidades espirituais interessadas nessas demonstrações, seja para incentivar o maior respeito pelos animais na Terra, seja por motivos científicos.
            Continuando nossa análise, recorremos aos capítulos XIX e XXII de O Livro dos Médiuns e juntos, analisemos fatores que nos permitam compreender o papel dos médiuns nas comunicações, excluindo assim a possibilidade dos animais serem médiuns. 
O Livro dos Médiuns,
  • cap XIX - Papel dos Médiuns nas Comunicações;
  • Cap XXII – Da Mediunidade nos animais, q.236 
”(...) que é um Médium? É o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens, Espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza que seja”.
            “(...) os semelhantes agem através de seus semelhantes e como os seus semelhantes. Ora, quais são os semelhantes dos Espíritos, senão os Espíritos, encarnados ou não? (...) o vosso perispírito e o nosso procedem do mesmo meio, são de natureza idêntica, são, numa palavra, semelhantes. Possuem uma propriedade de assimilação mais ou menos desenvolvida, de magnetização mais ou menos vigorosa, que nos permite aos Espíritos e aos encarnados entrar facilmente em relação. Enfim, o que pertence especificamente aos médiuns, à essência mesma de sua individualidade, é uma afinidade especial, e ao mesmo tempo, uma força de expansão particular, que anulam neles toda possibilidade de rejeição, estabelecendo entre eles e nós, uma espécie de corrente ou fusão, que facilita as nossas comunicações. É, de resto, essa possibilidade de rejeição, própria da matéria, que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade, na maior parte dos que não são médiuns”.
            “(. ..) o fogo que anima os irracionais, o sopro que os faz agir, mover, e falar na linguagem que lhes é própria, não tem quanto ao presente, nenhuma aptidão para se mesclar, unir, fundir com o sopro divino, a alma etérea, o Espírito em uma palavra, que anima o ser essencialmente perfectível: o homem (...)“.
            “(...) não mediunizamos diretamente nem os animais, nem a matéria inerte. Precisamos sempre do concurso consciente ou inconsciente, de um médium humano, porque precisamos da união de fluidos similares, o que não achamos nem nos animais nem na matéria bruta”.
            O Sr. T..., diz-se, magnetizou o seu cão. A que resultado chegou? Matou-o, porquanto o infeliz animal morreu, depois de haver caído numa espécie de atonia, de langor, conseqüência de sua magnetização. Com efeito, saturando de um fluido haurido numa essência superior à essência especial da  sua natureza de cão, ele o esmagou, agindo sobre ele, embora mais lentamente, à semelhança do raio. Assim, não havendo nenhuma possibilidade de assimilação entre o nosso perispírito e o envoltório fluídico dos animais, propriamente ditos, nós os esmagaríamos imediatamente ao mediunizá-los.
            "(...)sabeis que tiramos do cérebro do médium os elementos necessários para dar ao nosso pensamento a forma sensível e apreensível para vós. É com o auxílio dos seus próprios materiais que o médium traduz o nosso pensamento em linguagem vulgar. Pois bem: que elementos encontraríamos no cérebro de um animal? Haveria  ali palavras, números, letras, alguns sinais semelhantes aos que encontramos no homem, mesmo o mais ignorante? Entretanto, direis, os animais compreendem o pensamento do homem, chegam mesmo a adivinhá-lo. Sim, os animais amestrados compreendem certos pensamentos, mas já os vistes reproduzi-los? Não. Concluí, pois, que os animais não podem servir-nos de intérpretes".
            Resumindo: os fenômenos mediúnicos não podem produzir-se sem o concurso consciente ou inconsciente dos médiuns, e é somente entre os encarnados, Espíritos como nós, que encontramos os que podem servir-nos de médiuns. Quanto a ensinar cães, pássaros e outros animais, para fazerem estes ou aqueles serviços, é problema vosso e não nosso. – ERASTO” 
Assim concluímos ser a Mediunidade uma faculdade natural do Espírito. Querer encontrá-la nos animais significa não entender seu mecanismo, finalidade e função, ignorando-lhe a essência para só encará-la através dos efeitos. Os principais elementos que permitem o desabrochar dessa faculdade só apareceram no homem: a sensibilidade aprimorada ao extremo das possibilidades materiais, opsiquismo requintado e sutil, a afetividade elaborada aos impulsos da transcendência, a vontade dirigida por finalidades superiores, a mente racional e perquiridora , a consciência discriminadora e analítica, o juízo disciplinador e avaliador que avalia a si mesmo, a memória arquivada nas profundezas do inconsciente, o pensamento criador e dominador do espaço e do tempo, a intuição inata de Deus como o selo vivo e atuante do Criador na criatura.
                       
BIBLIOGRAFIA: 1. KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns:  2.ed. São Paulo:FEESP, 1989 - Cap. XIX e XXII2. KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos:  ed. especial São Paulo:EME, 1997 - Cap. XI q. 592 a 613
3. KARDEC, Allan – Revista Espírita: 
 Sobradinho-DF: EDICEL,
  • Junho de 1860 – O Espírito e o Cãozinho
  • Julho de 1861 – Papel dos médiuns nas comunicações, Erasto e Timóteo
  • Agosto de 1861 – Os animais médiuns, Erasto
  • Setembro de 1861 – Carta do Sr Mathieu sobre mediunidade das aves
  • Maio de 1865 – Manifestação do Espírito dos animais
4. PIRES, J. Herculano - Mediunidade:  2. ed. São Paulo: PAIDÉIA, 1992 - Cap XI, Mediunidade Zoológica