ANTE O
PRÓXIMO
Emmanuel
Quando as circunstâncias nos ofereçam incompreensões ou acusações, em torno do
próximo, busquemos examinar acontecimentos e pessoas com os olhos do
Cristo. Imaginemo-nos de posse do senso divino, sem perder a noção de
nossa reconhecida pequenez e a incomensurável grandeza daquele a quem
nomeamos por nosso Mestre e Senhor.
*
Como teria
visto Jesus a estreita espiritualidade do seu tempo, senão por gleba
inculta que lhe cabia arrotear e semear? Como teria apreciado as criticas
que lhe acompanharam a obra a não ser por tumulto necessário de opiniões,
a fim de que a verdade prevalecesse? Fossem quais fossem as crises, jamais
pedia o mais alto padrão de serenidade, aproveitando o tempo para
construir e situando no futuro a concretização dos seus luminosos
objetivos.
*
Muitos viam em
Zaqueu o avarento incorrigível; ele, no entanto, nele identificou o homem
rico de nobre coração, capaz de transfigurar a riqueza em trabalho e
beneficência. Em Bartolomeu, a multidão enxergava o infortúnio de um cego;
ele anotou os obstáculos de um doente, suscetível de ser curado para
glorificar a Bondade de Deus. Em Maria de Magdala, cuja personalidade
apresentava a mulher obsidiada pó sete Espíritos infelizes, reconheceu a
criatura decidida a renovar-se e que lhe seria, mais tarde, a mensageira
da própria ressurreição. Em Pedro, que o povo definia pó discípulo frágil,
a ponto de negá-lo três vezes, descobriu o amigo sincero que,
convenientemente amadurecido na fé, lhe presidiria o apostolado em
formação.
*
Múltiplos os
óbices que se agigantam no caminho da fé, mas não permitas que eles te
venham conduzir ao desanimo ou à negação. Procura enumerá-los por fora,
com as pupilas de Jesus, e encontrarás sublime compreensão e balsamizar-te
por dentro. Feito isso, registraremos dificuldades e aflições, desgostos e
contratempos, não ao modo de barreiras intransponíveis na senda de
elevação espiritual e sim reconhecê-los-emos por necessidades justas e
inevitáveis do campo de serviço em que fomos chamados a produzir, no bem
da Humanidade e de nós mesmos, aí trabalhando e abençoando como Jesus
abençoou e trabalhou.
Livro: Caridade –
Psicografia: Francisco C. Xavier – Espíritos Diversos
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