ESPIRITISMO
Emmanuel
FÉ
352 – Devemos reconhecer no Espiritismo o
Cristianismo Redivivo?
-O
Espiritismo evangélico é o Consolador prometido por Jesus, que, pela voz
dos seres redimidos, espalham as luzes divinas por toda a Terra,
restabelecendo a verdade e levantando o véu que cobre os ensinamentos na
sua feição de Cristianismo redivivo, a fim de que os homens despertem para
a era grandiosa da compreensão espiritual com o Cristo.
353 –O
espiritismo veio ao mundo para substituir as outras crenças?
-O Consolador, como Jesus, terá de afirmar
igualmente: - “Eu não vim destruir a Lei”.
O Espiritismo
não pode guardar a pretensão de exterminar as outras crenças, parcelas da
verdade que a sua doutrina representa, mas, sim, trabalhar para
transforma-las, elevando-lhes as concepções antigas para o clarão da
verdade imoralista.
A missão do
Consolador tem que se verificar junto das almas e não ao lado das
gloriolas efêmeras dos triunfos materiais. Esclarecendo o erro religioso,
onde quer que se encontre, e revelando a verdadeira luz, pelos atos e
pelos ensinamentos, o espiritista sincero, enriquecendo os valores da fé,
representa o operário da regeneração do Templo do Senhor, onde os homens
se agrupam em vários departamentos, ante altares diversos, mas onde existe
um só Mestre, que é Jesus-Cristo.
354
–Poder-se-á definir o que é ter fé?
-Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza
em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o
coração repousar numa energia constante de realização divina da
personalidade.
Conseguir a fé é
alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas afirmar “eu
sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa
fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar
sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela
responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.
Traduzindo a
certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar
todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a
humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera
do discípulo, relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor”.
355 –Será fé
acreditar sem raciocínio?
-Acreditar é uma expressão de crença, dentro da
qual os legítimos valores da fé em si mesma. Admitir as afirmativas mais
estranhas, sem um exame minucioso, é caminhar para o desfiladeiro do
absurdo, onde os fantasmas dogmáticos conduzem as criaturas a todos os
despautérios. Mas também interferir nos problemas essenciais da vida, sem
que a razão esteja iluminada pelo sentimento, é buscar o mesmo declive
onde os fantasmas impiedosos da negação conduzem as almas a muitos crimes.
356 –A dúvida racionada, no coração sincero,
é uma base para a fé?
-Toda dúvida que
se manifesta na alma cheia de boa-vontade, que não se precipita em
definições apriorísticas dentro de sua sinceridade, ou que não busca a
malícia para contribuir em suas cogitações, é um elemento benéfico para a
alma, na marcha da inteligência e do coração rumo à luz sublimada da fé.
357 –É justa
a preocupação dominante em muitos estudiosos do Espiritismo, pelas
revelações do plano superior, a título de enriquecimento da fé?
-Toda
curiosidade sadia é natural. O homem, no entanto, deve compreender que a
solução desses problemas lhe chegará naturalmente, depois de resolvida a
sua situação de devedor ante os seus semelhantes, fazendo-se, então,
credor das revelações divinas.
358 –Para os
Espíritos desencarnados, que já adquiriram muitos valores em matéria de
fé, qual o melhor bem da vida humana?
-A
vida humana, nas suas características de trabalho pela redenção
espiritual, apresenta muitos bens preciosos aos nossos olhos, na sequência
das lutas, esforços e sacrifícios de cada espírito. Para nós outros,
porém, o tesouro maior da existência terrestre reside na consciência reta
e pura, iluminada pela fé e edificada no cumprimento de todos os deveres
mais elevados.
359 –Nas
cogitações da fé, o Espírito encarnado deve restringir suas divagações ao
limite necessário às suas experiências na Terra?
-Pelo menos, é justo que somente cogite das
expressões transcendentes ao seu meio, depois de realizar todo o esforço
de iluminação que o mundo lhe pode proporcionar nos seus processos de
depuração e aperfeiçoamento.
360 –Qual
deve ser a ação do espiritista em face dos dogmas religiosos?
-Os
novos discípulos do Evangelho devem compreender que os dogmas passaram. E
as religiões literalistas, que os construíram, sempre o fizeram
simplesmente em obediência a disposições políticas, no governo das massas.
Dentro das novas
expressões evolutivas, porém, os espiritistas devem evitar as expressões
dogmáticas, compreendendo que a Doutrina é progressiva, esquivando-se a
qualquer pretensão de infalibilidade, em face da grandeza inultrapassável
do Evangelho.
361 –Na
propaganda da fé, é justo que os espíritas ou os médiuns estejam
preocupados em converter aos princípios da Doutrina os homens de posição
destacada no mundo, como os juízes, os médicos, os professores, os
literatos, os políticos, etc.?
-Os
espiritistas cristãos devem pensar muito na iluminação de si mesmos, antes
de qualquer prurido, no intuito de converter os outros.
E, ao tratar-se
dos homens destacados no convencionalismo terrestre, esse cuidado deve ser
ainda maior, porquanto há no mundo um conceito soberano de “força” para
todas as criaturas que se encontram nos embates espirituais para a
obtenção dos títulos de progresso. Essa “força” viverá entre os homens até
que as almas humanas se compenetrem da necessidade do reino de Jesus em
seu coração, trabalhando por sua realização plena. Os homens do poder
temporal, com exceções, muitas vezes aceitam somente os postulados que a
“força” sanciona ou os princípios com que a mesma concorda. Enceguecidos
temporariamente pelos véus da vaidade e da fantasia, que a “força” lhes
proporciona, faz-se mister deixa-los em liberdade nas suas experiências.
Dia virá em que brilharão na Terra os eternos direitos da verdade e do
bem, anulando essa “força” transitória. Ainda aqui, tendes o exemplo do
Divino Mestre para todos os tempos, não teve a preocupação de converter ao
Evangelho os Pilatos e os Ãntipas do seu tempo.
Além do mais, o
Espiritismo, na sua feição de Cristianismo redivivo, não deve nutrir a
pretensão de disputar um lugar no banquete dos Estados do mundo, quando
sabe muito bem que a sua missão divina há de cumprir-se junto das almas,
nos legítimos fundamentos do Reino de Jesus.
Da obra “O Consolador” – Espírito: Emmanuel – Médium: Francisco Cândido
Xavier
Nenhum comentário:
Postar um comentário