PARENTESCOS E AFINIDADE
Irmão Saulo
A questão 203 de O Livro dos Espíritos
coloca em termos espirituais o problema das linhagens familiares. Pensamos
geralmente que a herança biológica é a determinante elos temperamentos e
caracteres. O Espiritismo nos mostra que a natureza humana é espiritual e
não material. Assim, o que determina a condição do homem é a sua essência
e não a sua forma, o seu espírito e não o seu instrumento de manifestação
corpórea. As famílias são aglomerados de espíritos afins que estabelecem,
nas encarnações sucessivas, a, linha da hereditariedade biológica.
Cada espírito que se encarna traz em si
mesmo a sua personalidade já formada em encarnações anteriores. As
semelhanças de características psíquicas e morais entre pais, filhos e
outros descendentes não provêm da carne, mas do espírito. Cada ser humano
é o que ele é por si mesmo. Há, portanto, um paralelismo cartesiano entre
hereditariedade e afinidade. Admitindo-se isso, que hoje é considerado com
atenção em grandes centros de pesquisas científicas, é fácil
compreendermos a necessidade de independência não apenas social, mas
também afetiva, para os filhos que se emancipavam e especialmente para os
que constituíram a sua própria família.
As afinidades espirituais não implicam
dependência e sujeição, parque cada espírito é o responsável direto pela
sua evolução. Os pais são responsáveis pelos filhos no tocante à
orientação que lhes fornecem pelos exemplos e pela educação. Mas não podem
querer sujeitá-los às suas idéias e formas de vida.
Afinidade não quer dizer identidade.
Gostamos de nos reunir com pessoas afins porque nos entendemos melhor com
elas, mas nem por isso pensamos e vivemos exatamente da mesma maneira. Se
assim fosse, a evolução teria de estagnar. Nossos filhos mais afins, mais
ligados a nós podem tomar caminhos diferentes do nosso. E devemos
respeitar-lhes o desejo de novas experiências, sem que isso importe em
rompimento conosco. Cada espírito deve ter a jurisdição de si mesmo.
É por isso que Emmanuel nos lembra o amor
sem apego, sem intenções de sujeição, para que não criemos problemas à
liberdade de ação e de experiências dos filhos casados. Devemos
ampará-los, auxiliá-los e não torturá-los com as nossas exigências
egoístas.
Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia
de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
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