XXVI - JESUS E MEDIUNIDADE
André Luiz
DIVINA
MEDIUNIDADE – Em nos reportando a qualquer estudo da mediunidade, não
podemos ovildar que Jesus, ela assume todas as características de exaltação
divina(19)
(19) Em “A Gênese” (págs. 293 e 294, FED, 12° edição), anota Allan Kardec,
com referência aos fenômenos da mediunidade em Jesus:
“Agiria como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso
médium curador? Não, porquanto de que se servem os Espíritos desencarnados e
o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os
outros. Agia por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem
fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças. Que
Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos e
encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de
Deus lhe poderias vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era
médium de Deus”. – (Nota indicada pelo Autor espiritual.)
Desde a chegada do Excelso Benfeitor ao Planeta, observa-se-lhe o pensamento
sublime penetrando o pensamento da Humanidade.
Dir-se-ia que no estábulo se reúnem pedras e arbustos, animais e criaturas
humanas, animais e criaturas humanas, representando os diversos reinos da
evolução terrestre, para receber-lhe o primeiro toque mental de
aprimoramento e beleza.
Casam-se os hinos singelos dos pastores aos cânticos de amor nas vozes dos
mensageiros espirituais, saudando Aquele que vinha libertar as nações, não
na forma social que sempre lhes será vestimenta às necessidades de ordem
coletiva, mas o adito das almas, em função da vida eterna.
Antes dele, grandes comandantes da idéia haviam pisado o chão do mundo,
influenciando multidões.
Guerreiros e políticos, filósofos e profetas alinhavam-se na memória
popular, recordamos como disciplinadores e heróis, mas todos desfilaram com
exércitos e fórmulas, enunciados e avisos, em que se misturam retidão e
parcialidade, sombra e luz.
Ele chega sem qualquer prestígio de autoridade humana, mas, com a sua
magnitude moral, imprime novos rumos à vida, por dirigir-se, acima de tudo,
ao espírito, em todos os climas da Terra.
Transmitindo as ondas mentais das Esferas Superiores de que procede,
transita entre as criaturas, despertando-lhes as energias para a Vida Maior.
Como que a tanger-lhes as fibras recônditas, de maneira a harmonizá-las com
a sinfonia universal do Bem Eterno.
MÉDIUNS PREPARADORES – Para recepcionar o influxo mental de Jesus, o
Evangelho nos dá notícias de uma pequena congregação de médiuns, à feição de
transformadores elétricos conjugados, para acolher a força e armazená-la, de
princípio, antes que se lhe pudessem canalizar os recursos.
E
longe de anotarmos aí a presença de qualquer instrumento psíquico menos
seguro do ponto de vista moral, encontramos importante núcleo de
medianeiros, desassombrados na confiança e corretos na diretriz.
Informamo-nos, assim, nos apontamentos da Boa Nova, de Zacarias e Isabel, os
pais de João Batista, precursor do Médium Divino, <eram ambos justos perante
Deus, andando sem repreensão, em todos os mandamentos e preceitos do Senhor>
(20), que Maria, a jovem simples de Nazaré, que acolheria o Embaixador
Celeste nos braços maternais, se achava <em posição de louvor diante do
Eterno Pai> (21), que José da Galiléia, o varão que o tomaria sob paternal
tutela, <era justo> (22), que Simeão, o amigo abnegado que o aguardou em
prece, durante longo tempo, <era justo e obediente a Deus> (23), e que Ana,
a viúva que o esperou em oração, no templo de Jerusalém, por vários lustros,
vivia <servindo a Deus> . (24)
Nesse grupo de médiuns admiráveis, não apenas pelas percepções avançadas que
os situavam em contacto com os Emissários Celestes, mas também pela conduta
irrepreensível de que forneciam testemunho, surpreendemos o circuito de
forças a que se ajustou a onda mental do Cristo, para daí expandir-se na
renovação do mundo.
________________
(20) Lucas
1:5.
(21) Lucas
1:30.
(22) Mateus
1:19.
(23) Lucas
2:25.
(24) Lucas
2:37.
EFEITOS FÍSICOS – Cedo começa para Mestre Divino, erguido à posição de
Médium de Deus, apostolado excelso em que lhe caberia carrear as noções da
vida imperecível para a existência na Terra.
Aos dozes anos, assenta-se entre os doutores de Israel, <ouvindo-os e
interrogando-os> (25), a provocar admiração pelos conceitos que expendia e a
entremostrar a sua condição de intermediário entre culturas diferentes.
Iniciando a tarefa pública, na exteriorização de energias sublimes,
encontramo-lo em Cana da Galileia, oferecendo notável demonstração de
efeitos físicos, com ação a distância sobre a matéria, em transformando a
água em vinho(26). Mas, o acontecimento não permanece circunscrito ao
âmbito doméstico, porquanto, evidenciando a extensão dos seus poderes,
associados ao concurso dos mensageiros espirituais que, de ordinário, lhe
obedeciam às ordens e sugestões, nós o encontramos, de outra feita, a
multiplicar pães e peixes(27), no tope do monte, para saciar a fome da turba
inquieta que lhe ouvia os ensinamentos, e a tranqüilizar a Natureza em
desvario (28), quando os discípulos assustados lhe pedem socorro, diante da
tormenta.
Ainda no campo da fenomenologia física ou metapsíquica objetiva,
identificamo-lo em plena levitação, caminhando sobre as águas (29), e em
prodigiosa ocorrência de materialização ou ectoplasmia, quando se põe a
conversar, diante dos aprendizes, com dois varões desencarnados que,
positivamente, apareceram glorificados, a lhe falarem de acontecimentos
próximos.(30).
_______________________
(25) Lucas
2:46.
(26) João
2:1-12.
(27) João
6:1-15
(28) Marcos
4:35-41
(29) Marcos
6:49-50
(30) Lucas
9:28-32
Em
Jerusalém, no templo, desaparece de chofre, desmaterializando-se, ante a
espectação geral (31), e, na mesma cidade, perante a multidão, produz-se a
voz direta, em que bênçãos divinas lhe assinalam a rota(32)
Em
cada acontecimento, sentimo-lo a governar a matéria, dissociando-lhe os
agentes e reintegrando-os à vontade, com a colaboração dos servidores
espirituais que lhe assessoram o ministério de luz.
EFEITOS INTELECTUAIS – No capítulo dos efeitos intelectuais ou, se
quisermos, nas provas da metapsíquica subjetiva, que reconhece a
inteligência humana como possuidora de outras vias de conhecimento, além
daquelas que se constituem dos sentidos normais, reconhecemos Jesus nos mais
altos testemunhos.
A
distância da sociedade hierosolimita, vaticina os sucessos amargos que
culminariam com a sua morte na cruz(33). Utilizando a clarividência que lhe
era peculiar, antevê Simão Pedro cercado de personalidades inferiores da
esfera extrafísica, e avisa-o quanto ao perigo que isso representa para a
fraqueza do apóstolo (34). Nas últimas instruções, ao pé dos amigos,
confirmando a profunda lucidez que lhe caracterizava as apreciações
percucientes, demonstra conhecer a perturbação consciencial de Judas(35), a
despeito das dúvidas que a ponderação suscita entre os ouvintes. Nas preces
de Getsêmani, aliando clarividência e clariaudiência, conversa com um
mensageiro espiritual que o reconforta.(36)
___________________________
(31) João
7:30
(32) João
12:28-30
(33) Lucas
18:31-34
(34) Lucas
22:31-34
(35) João
13:21-22
(36) Lucas
22:43
MEDIUNIDADE CURATIVA - No que se refere aos poderes curativos, temo-los em
Jesus nas mais altas afirmações de grandeza. Cercam-no doentes de variada
expressão. Paralíticos estendem-lhe membros mirrados, obtendo socorro. Cegos
recuperam a visão. Ulcerados mostram-se limpos. Alienados mentais,
notadamente obsidiados diversos, recobram equilíbrio.
É
importante considerar, porém, que o Grande Benfeitor a todos convida para a
valorização das próprias energias.
Reajustando as células enfermas da mulher hemorroíssa, diz-lhe,
convincente: - <Filha, tem bom ânimo!a tua fé te curou.>(37) Logo aos,
tocando os olhos de dois cegos que lhe recorrem à caridade, exclama: <Seja
feito, segundo a vossa fé.> (38)
Não salienta a confiança por simples ingrediente de natureza mística, mas
sim por recurso de ajustamento dos princípios mentais, na direção da cura.
E
encarecendo o imperativo do pensamento reto para a harmonia do binômio
mente-corpo, por várias vezes o vemos impelir os sofredores aliviados à vida
nobre, como no caso do paralítico de Betesda, que, devidamente refeito, ao
reencontrá-lo no templo, dele ouviu a advertência inesquecível: - <Eis que
já estás são. Não peques mais, para que não suceda coisa pior.>(39)
EVANGELHO E MEDIUNIDADE – A prática da mediunidade não está somente na
passagem do Mestre entre os homens, junto dos quais, a cada hora, revela o
seu intercâmbio constante com o Plano Superior, seja em colóquios com os
emissários de alta estirpe, seja em se dirigindo aos aflitos desencarnados,
no socorro aos obsessos do caminho, mas também na equipe dos companheiros,
aos quais se apresenta em pessoa, depois da morte, ministrando instruções
para o edifício do Evangelho nascente.
No
dia de Pentecostes, vários fenômenos mediúnicos marcam a tarefa dos
apóstolos, mesclando-se efeitos físicos e intelectuais na praça pública, a
constituir-se a mediunidade, desde então, em viga mestra de todas as
construções do Cristianismo, nos séculos subseqüentes.
Em
Jesus e em seus primitivos continuadores, porém, encontramo-la pura e
espontânea, como deve ser, distante de particularismos inferiores, tanto
quanto isenta de simonismo. Neles, mostram-se os valores mediúnicos a
serviço da Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria, na qual os regulamentos
divinos, em todos os mundos, instituem responsabilidade moral segundo o
grau de conhecimento, situando-se, desse modo, a Justiça Perfeita, no íntimo
de cada um, para que se outorgue isso ou aquilo, a cada Espírito, de
conformidade com as próprias obras.
____________________________
(37)
Mateus 9:22
(38)
Mateus 9:29
(39)
João 5:14
O Evangelho, assim, não é o livro de um povo apenas,
mas o código de Princípios Morais de Universo, adaptável a todas as pátria,
a todas as comunidades, a todas as raças e a todas as criaturas, porque
representa, acima de tudo, a carta de conduta para a ascensão da consciência
à imortalidade, na revelação da qual Nosso Senhor Jesus-Cristo empregou a
mediunidade sublime com agente de luz eterna, exaltando a vida e aniquilando
a morte, abolindo o mal e glorificando o bem, a fim de que as leis humanas
se purifiquem e se engrandeçam, se santifiquem e se elevem para a integração
com as Leis de Deus.
Do livro: Mecanismos da Mediunidade
Do
livro: Mecanismos da Mediunidade
Psicografia: Francisco Candido Xavier e Waldo Vieira
Psicografia: Francisco Candido Xavier e Waldo Vieira
Pelo
Espírito de : André Luiz
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