A Arte através do sonho
José Marcelo Gonçalves
Coelho
As questões 400 à 412,
da primeira obra basilar do Espiritismo, nos oferecem interessantes
apontamentos acerca deste tão conhecido estado de emancipação da
alma denominado sono físico, bem como de seu principal resultado — o
sonho.
Ressalte-se,
inicialmente, que nem todos os sonhos de que nos recordamos
representam uma vivência real nos campos da espiritualidade, razão
pela qual, assim estatuiu a questão 405 de O Livro dos Espíritos:
“...Não deveis esquecer que, durante o sono, a alma está
constantemente sob influência da matéria, às vezes mais, às vezes
menos, e, conseqüentemente, nunca se liberta completamente das
idéias terrenas. Disso resulta que as preocupações enquanto
acordados podem dar àquilo que se vê a aparência do que se deseja ou
do que se teme. A isso é o que verdadeiramente pode se chamar efeito
da imaginação.”
Entretanto, há
momentos em que o ser humano se desliga ostensivamente de seu corpo
físico, entrando em franca comunicação com o Plano Maior, de lá
extraindo elementos preciosos para a concretização de determinados
objetivos na Terra. Após esses momentos, poderá, então, ao
despertar, lançar idéias inovadoras capazes de levar o progresso aos
diversos setores da sociedade planetária. Assim se fará, inclusive,
no tocante às manifestações artísticas.
Na obra intitulada Os
Mensageiros, capítulo 16, André Luiz, sob psicografia de Francisco
Cândido Xavier, nos traz valiosa contribuição para a temática em
apreço.
Encontrava-se o autor
espiritual em trânsito por determinado posto de socorro, ocasião em
que, ao observar amplo salão daquela paragem, assim se expressou:
“....Admirado, fixei as paredes, de onde pendiam quadros
maravilhosos. Um deles, contudo, impunha-me especial atenção. Era
uma tela enorme, representando o martírio de São Dinis, o Apóstolo
das Gálias, rudemente supliciado nos primeiros tempos do
Cristianismo, segundo meus humildes conhecimentos de História.
Intrigado, recordei que vira, na Terra, um quadro absolutamente
igual àquele. Não se tratava de um famoso trabalho de Bonnat,
célebre pintor francês dos últimos tempos? A cópia do Posto de
Socorro, todavia, era muito mais bela.”
Julgou André Luiz que
a tela que observara naquela região espiritual seria uma simples
reprodução da existente na Terra. Diante do seu equívoco, recebeu a
seguinte explicação, por ele reproduzida: “Engana-se — elucidou o
meu gentil interlocutor — nem todos os quadros, como nem todas as
grandes composições artísticas, são originárias da Terra. (...)Temos
aqui a história real dessa tela magnífica. Foi idealizada e
executada por nobre artista cristão, numa cidade espiritual ligada à
França. Em fins do século passado, embora estivesse retido no
círculo carnal, o grande pintor de Bayonne visitou essa colônia em
noite de excelsa inspiração, que ele, humanamente, poderia
classificar de maravilhoso sonho. Desde o minuto em que viu a tela,
Florentino Bonnat não descansou enquanto não a reproduziu,
palidamente, em desenho que ficou célebre no mundo inteiro”.
Tratava-se, na
verdade, do notável pintor francês Leon-Joseph-Florentin Bonnat
(1833-1922), que, dotado de aguçada espiritualidade e sensibilidade
artística, o que se percebe em todas as suas obras, aproveitou-se de
diversas noites de sono para reproduzir, entre nós, a obra em que se
inspirara no além. Trabalho verdadeiramente exaustivo, já que foram
necessários mais de dez anos para sua conclusão (1874-1885).
A “cópia” de Bonnat, de grandes dimensões, hoje faz parte do acervo do Panteão de Paris.
A “cópia” de Bonnat, de grandes dimensões, hoje faz parte do acervo do Panteão de Paris.
Como vemos, nossas
noites podem ser perfeitamente aproveitadas para o exercício das
mais nobres tarefas. Todavia, infelizmente, conforme nos afirma o
instrutor Gúbio, em alerta reproduzido por André Luiz, em sua obra
Libertação, pg. 80, psicografia de Chico Xavier, “...a maior
porcentagem desses semilibertos do corpo, pela influência natural do
sono, permanecem nos círculos de baixa vibração.”
Por fim, no que pesem
nossas inclinações negativas, esforcemo-nos, doravante, no sentido
de transformarmos as horas de sono em efetivas oportunidades de
progresso espiritual, ressaltando-se que os nossos sonhos, conforme
se tem comprovado, são os reflexos de nossas mais íntimas
aspirações.
Bibliografia:
Kardec, Allan; O
Livro dos Espíritos, cap. 8, questões 400 à 412.
Luiz, André/Chico Xavier, Os Mensageiros, capítulo 16
Luiz, André/Chico Xavier, Libertação, pg. 80
Anexos: Fotos de Leon Bonnat e sua obra O Martírio de São Dinis
Luiz, André/Chico Xavier, Os Mensageiros, capítulo 16
Luiz, André/Chico Xavier, Libertação, pg. 80
Anexos: Fotos de Leon Bonnat e sua obra O Martírio de São Dinis
http://www.omensageiro.com.br/artigos/artigo-192.htm
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