ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à
derrocada moral. HOJE, guardamo-lo na condição do parente difícil, que
nos pede sacrifício incessante.
ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na
lagoa do vício. HOJE, temo-la de volta por filha incompreensiva,
necessitada do nosso amor.
ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos
seguia os exemplos menos felizes. HOJE, partilhamos com ele, à feição de
esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo da redenção.
ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao
suicídio. HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um
filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de
lágrimas, o trabalho de reajuste.
ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio,
situando-a nas garras da delinqüência. HOJE, achamo-la ao nosso lado,
na presença da esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência no
curso infatigável da tolerância.
ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados,
sangrando-lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão. HOJE, moramos no
espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de
aprender a plantar carinho e fidelidade.
À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas.
Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem,
sorri para os que te ferem e desculpa todos aqueles que te injuriam...
A humildade é a chave de nossa libertação.
E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer
que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos
alicerces invisíveis da luta em casa.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Amor e Vida em Família.
Ditado pelo Espírito Emmanuel 1995.
Nenhum comentário:
Postar um comentário