quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sono e Sonhos ::

O Espiritismo não faz interpretação de sonhos. Eles reproduzem as impressões que o Espírito recebeu nos momentos em que se libertou do corpo físico e podem expressar ou não o que aconteceu nesses momentos. Por outro lado, os sonhos possuem uma importância, seja como mensagens do nosso inconsciente - registros desta ou de existência anteriores - ou como lembranças de experiências de nosso Espírito fora do corpo, no contato com outros Espíritos. No entanto, muito cuidado. Os sonhos precisam ser considerados como probabilidades e não certezas, pois podem simbolizar algo muito diferente ou até mesmo oposto daquilo que aparenta. Os sonhos têm muitas causas e podem ser entendidos de muitas formas. Eles não precisam ser encarados como negativos e podem ser acolhidos, não em busca de interpretações definitivas, mas promovendo reflexões construtivas. Em casos em que o tipo de sonhos ou a repetição dos mesmos estejam causando medos ou ansiedade para o indivíduo, o recomendável é procurar um analista ou um grupo psicoterápico especializado no assunto.
Ressaltamos o alerta com Alan Kardec, que dedica o capítulo 8 de 'O Livro dos Espíritos' ao fenômeno da emancipação da alma, onde desenvolve um estudo sobre o sono e os sonhos. Questionando a Espiritualidade Superior sobre o significado dos sonhos, foi informando que eles "não são verdadeiros como entendem os ledores de sorte, pelo que é absurdo admitir que sonhar com uma coisa anuncia outra. Eles são verdadeiros no sentido de apresentarem imagens reais para o Espírito, mas que freqüentemente, não tem relação com o que se passa na vida corpórea. Muitas vezes, ainda são uma recordação, outras, um pressentimento do futuro, se Deus o permite, ou a visão do que se passa no momento em outro lugar, a que a alma se transporta" (questão 404, grifo nosso). Os Benfeitores amigos vão além e distinguem dois tipos de sonhos: aqueles que resultam de uma perturbação decorrente da partida e volta do Espírito durante a emancipação pelo sono, que mescla elementos da vida de vigília e aqueles que são lembranças de nossas atividades espirituais. E alertam: "procurai distinguir bem essas duas espécies de sonho dentre os que vos lembrais; sem isso,caireis em contradições e erros que serão funestos à vossa fé" (questão 402 de 'O Livro dos Espíritos', grifo nosso).
André Luiz faz algumas considerações sobre o tema no livro 'Conduta Espírita' (psicografia de Waldo Vieira). No capítulo 30, com o título "Perante os Sonhos", alerta que devemos encarar com naturalidade os sonhos, sem nos preocupar aflitivamente com quaisquer fatos ou idéias que se reportem a eles. Ao invés de buscarmos interpretações complexas, identifiquemos sempre os objetivos edificantes das cenas e histórias percebidas nos sonhos. André Luiz alerta ainda que não devemos dar guarida às interpretações supersticiosas, principalmente àquelas que pretendam correlacionar os sonhos com jogos de azar e acontecimentos mundanos. Além disso, é preciso considerar que a grande maioria dos sonhos é resultado de reflexos psicológicos ou de transformações relativas ao próprio campo orgânico.
Por fim, lembremos André Luiz, que nos informa da necessidade de "preparar um sono tranqüilo pela consciência pacificada nas boas obras, acendendo a luz da oração, antes de entregarmo-nos ao repouso normal" (do livro 'Conduta Espírita', capítulo 30). Orientação semelhante nos traz Martins Peralva, afirmando que "o esforço de evangelização de nossas vidas e a luta incessante pela modificação dos nossos costumes, objetivando a purificação dos nossos sentimentos, dar-nos-ão, sem dúvida, o prêmio de sonhos edificantes e maravilhosos, expressando trabalho e realização" (capítulo 27 do livro 'Estudando a Mediunidade').

terça-feira, 26 de junho de 2012

Sono e Sonhos ::

A Arte através do sonho
José Marcelo Gonçalves Coelho

  
As questões 400 à 412, da primeira obra basilar do Espiritismo, nos oferecem interessantes apontamentos acerca deste tão conhecido estado de emancipação da alma denominado sono físico, bem como de seu principal resultado — o sonho.
Ressalte-se, inicialmente, que nem todos os sonhos de que nos recordamos representam uma vivência real nos campos da espiritualidade, razão pela qual, assim estatuiu a questão 405 de O Livro dos Espíritos: “...Não deveis esquecer que, durante o sono, a alma está constantemente sob influência da matéria, às vezes mais, às vezes menos, e, conseqüentemente, nunca se liberta completamente das idéias terrenas. Disso resulta que as preocupações enquanto acordados podem dar àquilo que se vê a aparência do que se deseja ou do que se teme. A isso é o que verdadeiramente pode se chamar efeito da imaginação.”
Entretanto, há momentos em que o ser humano se desliga ostensivamente de seu corpo físico, entrando em franca comunicação com o Plano Maior, de lá extraindo elementos preciosos para a concretização de determinados objetivos na Terra. Após esses momentos, poderá, então, ao despertar, lançar idéias inovadoras capazes de levar o progresso aos diversos setores da sociedade planetária. Assim se fará, inclusive, no tocante às manifestações artísticas.
Na obra intitulada Os Mensageiros, capítulo 16, André Luiz, sob psicografia de Francisco Cândido Xavier, nos traz valiosa contribuição para a temática em apreço.
Encontrava-se o autor espiritual em trânsito por determinado posto de socorro, ocasião em que, ao observar amplo salão daquela paragem, assim se expressou: “....Admirado, fixei as paredes, de onde pendiam quadros maravilhosos. Um deles, contudo, impunha-me especial atenção. Era uma tela enorme, representando o martírio de São Dinis, o Apóstolo das Gálias, rudemente supliciado nos primeiros tempos do Cristianismo, segundo meus humildes conhecimentos de História. Intrigado, recordei que vira, na Terra, um quadro absolutamente igual àquele. Não se tratava de um famoso trabalho de Bonnat, célebre pintor francês dos últimos tempos? A cópia do Posto de Socorro, todavia, era muito mais bela.”
Julgou André Luiz que a tela que observara naquela região espiritual seria uma simples reprodução da existente na Terra. Diante do seu equívoco, recebeu a seguinte explicação, por ele reproduzida: “Engana-se — elucidou o meu gentil interlocutor — nem todos os quadros, como nem todas as grandes composições artísticas, são originárias da Terra. (...)Temos aqui a história real dessa tela magnífica. Foi idealizada e executada por nobre artista cristão, numa cidade espiritual ligada à França. Em fins do século passado, embora estivesse retido no círculo carnal, o grande pintor de Bayonne visitou essa colônia em noite de excelsa inspiração, que ele, humanamente, poderia classificar de maravilhoso sonho. Desde o minuto em que viu a tela, Florentino Bonnat não descansou enquanto não a reproduziu, palidamente, em desenho que ficou célebre no mundo inteiro”.
Tratava-se, na verdade, do notável pintor francês Leon-Joseph-Florentin Bonnat (1833-1922), que, dotado de aguçada espiritualidade e sensibilidade artística, o que se percebe em todas as suas obras, aproveitou-se de diversas noites de sono para reproduzir, entre nós, a obra em que se inspirara no além. Trabalho verdadeiramente exaustivo, já que foram necessários mais de dez anos para sua conclusão (1874-1885).
A “cópia” de Bonnat, de grandes dimensões, hoje faz parte do acervo do Panteão de Paris.
Como vemos, nossas noites podem ser perfeitamente aproveitadas para o exercício das mais nobres tarefas. Todavia, infelizmente, conforme nos afirma o instrutor Gúbio, em alerta reproduzido por André Luiz, em sua obra Libertação, pg. 80, psicografia de Chico Xavier, “...a maior porcentagem desses semilibertos do corpo, pela influência natural do sono, permanecem nos círculos de baixa vibração.”
Por fim, no que pesem nossas inclinações negativas, esforcemo-nos, doravante, no sentido de transformarmos as horas de sono em efetivas oportunidades de progresso espiritual, ressaltando-se que os nossos sonhos, conforme se tem comprovado, são os reflexos de nossas mais íntimas aspirações.

Bibliografia:
Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos, cap. 8, questões 400 à 412.
Luiz, André/Chico Xavier, Os Mensageiros, capítulo 16
Luiz, André/Chico Xavier, Libertação, pg. 80
Anexos: Fotos de Leon Bonnat e sua obra O Martírio de São Dinis
 http://www.omensageiro.com.br/artigos/artigo-192.htm

Sono e Sonhos ::

Interpretação espírita dos sonhos
A interpretação dos sonhos é complicada e difícil.  
Ao sonhar as pessoas lembram demomentos que nem sempre estão ligados  
a esta reencarnação, por isso deve-se tomarcuidado, pois muitas vezes fazemos interpretações erradas.

Sono e Sonhos ::

Sono e Sonhos

Central Espírita Brasileira

Introdução

 

Chama-se emancipação da alma, o desprendimento do Espírito encarnado, possibilitando-lhe afastar-se momentaneamente do corpo físico.
É muito importante a compreensão e o estudo do sono e dos sonhos para um conhecimento mais amplo do fenômeno da emancipação da alma e das experiências vivenciadas pelo Espírito neste estado de liberdade.
"À semelhança da morte, em que o Espírito se liberta com facilidade do corpo mediante conquistas anteriores de desapego e renúncia, reflexões e desinteresse das paixões mais vigorosas, no sono há uma ocorrência equivalente, pois que o ser espiritual possui maior ou menor movimentação conforme as suas fixações e conquistas."
Dormimos um terço de nossas vidas e o sono, além das propriedades restauradoras da organização física, concede-nos possibilidades de enriquecimento espiritual através das experiências vivenciadas enquanto dormimos.
No campo da mediunidade, durante o desdobramento ou emancipação da alma pelo sono natural, os participantes dos grupos mediúnicos desenvolvem tarefas de significativo valor em continuidade às atividades encetadas nas reuniões mediúnicas.
Vários fenômenos mediúnicos poderão ocorrer com a alma emancipada, embora muitos sejam classificados, apenas, como fenômenos anímicos.
"Às vezes, durante o sono ou na vigília, a alma se exterioriza, se objetiva em sua forma fluídica e aparece à distância." (3) É o fenômeno da bicorporeidade.
Durante o sono normal, o corpo perispiritual poderá provocar uma série de fenômenos de efeitos intelectuais, como a psicofonia e a psicografia e também os de efeitos físicos ou objetivos como as aparições, produzir sons, ruídos, etc...
No Livro dos Médiuns, Allan Kardec nos diz :
"As manifestações visuais mais comuns têm lugar durante o sono : são as visões.
- Os sonhos podem ser :
- Uma visão atual das coisas presentes ou ausentes ;
- Uma visão retrospectiva do passado e, em alguns casos excepcionais, um pressentimento do futuro;
- Quadros simbólicos que os Espíritos fazem passar sob nossos olhos para nos dar úteis advertências e salutares conselhos, se são bons Espíritos; 
- "Induzir ao erro ou lisonjear paixões, se são Espíritos imperfeitos."
No estado de emancipação da alma, o Espírito se desloca do corpo físico, os laços que o unem à matéria ficam mais tênues, mais flexíveis e o corpo perispiritual age com maior liberdade.
Vamos, neste estudo, evidenciar com maior intensidade, o sonho, suas características espirituais, quando realmente ocorre a emancipação da alma e as horas de sono são aproveitadas para nosso crescimento espiritual através de atividades, estudos e aquisições enobrecedoras.

Sono e Sonhos

Conceitos:
Sono é um estado em que cessam as atividades físicas motoras e sensoriais.
Sonho é a lembrança dos fatos, dos acontecimentos ocorridos durante o sono.
A ciência oficial, analisando tão somente os aspectos fisiológicos das atividades oníricas, ainda não conseguiu conceituar com clareza e objetividade o sono e o sonho. Sem considerar a emancipação da alma, sem conhecer as propriedades e funções do perispírito, fica, realmente, difícil explicar a variedade das manifestações que ocorrem durante o repouso do corpo físico. Alguns psiquiatras e psicólogos já analisam os sonhos como atividades do psiquismo mais profundo.
Assim temos em Freud, o precursor dos estudos mais avançados nesta área. Ele julgava que os instintos, quando reprimidos, tendem a se manifestar e uma destas manifestações seria através dos sonhos. Isto numa linguagem simbólica representativa do desejo.
Adler introduziu em Psicologia o "instinto do poder" . Nossa personalidade gravitaria em torno da auto-afirmação, do desejo do domínio.
Jung considerou válidas as duas proposições. Descobriu que nos recessos do inconsciente, existe uma infra-estrutura feita de imagens ou símbolos que integram a mitologia de todos os povos. São os arquétipos, reminiscências de caráter genérico que remontam a fases muito primitivas da evolução.
Mas foi Allan Kardec, através da Codificação Espírita, quem, realmente, analisou amplamente os sonhos em seus aspectos fisiológicos e espirituais.
No livro dos Espíritos, Cap. VIII, analisando a emancipação espiritual, coloca o sono como a primeira fase deste fenômeno, que antecede ao sonambulismo e ao êxtase que seriam estados mais profundos de independência pelo desprendimento parcial do Espírito.
Na questão 400, do Livro dos Espíritos, ele indaga aos Espíritos Superiores :
"O espírito permanece voluntariamente no seu envoltório corporal ?"
R : "É como se perguntasse se o prisioneiro está satisfeito sob as chaves. O Espírito encarnado aspira incessantemente à libertação e quanto mais grosseiro é o envoltório, mais ele deseja ver-se desembaraçado." 
Na questão 401 :
"Durante o sono, a alma repousa como o corpo ?"
R : "Não. O Espírito jamais está inativo. Durante o sono, os liames que o unem ao corpo se afrouxam e o corpo não mais necessitando do Espírito, ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos."
Na questão 402, Kardec indaga :
"Como podemos julgar a liberdade do Espírito durante o sono ?"
R : "Pelos sonhos."
E Allan Kardec tece comentários muito importantes acerca dos sonhos, nos quais há uma emancipação da alma, enquanto o corpo repousa.
  • "O sono liberta parcialmente a alma do corpo."
  • "O Espírito jamais está inativo."
  • "Têm a lembrança do passado e às vezes a previsão do futuro."
  • "Adquire mais poder (pela liberdade de ação delimitada pelo grau de exteriorização) e pode entrar em contato com outros Espíritos encarnados ou desencarnados."
  • "O sono coloca o homem num estado em que estará de maneira permanente após a morte."
  • "Enquanto dormem, alguns Espíritos procuram aqueles que lhes são superiores (estudam, trabalham, recebem orientações, pedem conselhos).
  • "Os Espíritos inferiores irão aos lugares com os quais se afinizam."

Sonhos - Classificação:

Martins Peralva, no livro "Estudando a Mediunidade", propõe a seguinte classificação dos sonhos :
COMUNS = Repercussão de nossas disposições físicas e psicológicas.
REFLEXIVOS = Exteriorização de impressões e imagens arquivadas no cérebro físico e no perispírito.
ESPÍRITAS = Atividade real e efetiva do Espírito, durante o sono.
SONHOS COMUNS: São aqueles que refletem nossas vivências do dia a dia. O Espírito desligando-se, parcialmente, do corpo, absorve as ondas e imagens de sua própria mente, das que lhe 
são afins e do mundo exterior, já que nos movimentamos num turbilhão de energias e ondas vibrando sem cessar. Nos sonhos comuns, quase não há exteriorização perispiritual. São muito freqüentes dada a nossa condição espiritual.
"Puramente cerebral, simples repercussão de nossas disposições físicas ou de nossas preocupações morais. É também o reflexo de impressões e imagens arquivadas no cérebro durante a vigília. (...)" (3)
SONHOS REFLEXIVOS: Há maior exteriorização que nos sonhos comuns. O Espírito registra acontecimentos, impressões e imagens, arquivadas no subconsciente, isto é, no cérebro do corpo fluídico, ou perispírito.
Esses sonhos poderão refletir fatos remotos, imagens da atual reencarnação. Contudo, é mais freqüente revivenciar acontecimentos de outras vidas, cujas lembranças nos tragam esclarecimentos, lições ou advertências, se orientados por mentores espirituais.
Poderão os Espíritos inferiores motivarem estas recordações com finalidade de nos perseguirem, amedrontar, desanimar ou humilhar, desviando-nos dos objetivos benéficos da existência atual.
"Nos sonhos reflexivos, o espírito flutua na atmosfera sem se afastar muito do corpo; mergulha, por assim dizer, no oceano de pensamentos e imagens, que de todos os lados rolam pelo espaço, deles se impregna, e aí colhe impressões confusas, tem estranhas visões e inexplicáveis sonhos; a isso se mesclam, às vezes, reminiscências de vidas anteriores (...)"
SONHOS ESPÍRITAS: Há mais ampla exteriorização do perispírito. Desprendendo-se do corpo e adquirindo maior liberdade, a alma terá uma atividade real no plano espiritual. Léon Denis chama a estes sonhos de etéreos ou profundos, por suas características de mais acentuada emancipação da alma.
"O Espírito se subtrai à vida física, desprende-se da matéria, percorre a superfície da Terra e a imensidade onde procura os seres amados, seus parentes, seus amigos, seus guias espirituais ( ... ) Dessas práticas, conserva o Espírito impressões que raramente afetam o cérebro físico, em virtude de sua impotência vibratória."
Nos sonhos espíritas, teremos que considerar a lei de afinidade. Nossa condição espiritual, nosso grau evolutivo, irá determinar a qualidade de nossos sonhos, as companhias espirituais que iremos procurar, os ambientes nos quais permaneceremos enquanto o nosso corpo repousa.
"Quando encarnados na crosta, não temos bastante consciência dos serviços realizados durante o sono físico, contudo, esses trabalhos são inexprimíveis. ( ... ) Infelizmente, porém, a maioria se vale de repouso noturno para sair à caça de emoções frívolas ou menos dignas. Relaxando-se as defesas próprias, e certos impulsos longamente sopitados durante a vigília, extravasam-se em todas as direções, por falta de educação espiritual, verdadeiramente sentida e vivida."

Os Sonhos e a Lei de Afinidade

No livro Mecanismos da Mediunidade, André Luiz nos diz que quanto mais inferiorizado, mais dificuldade terá o homem em se emancipar espiritualmente.
"Qual ocorre no animal de evolução superior, no homem de evolução positivamente inferior o desdobramento da individualidade, por intermédio do sono, é quase que absoluto estágio de mero refazimento físico." (5)
"No animal, o sonho é puro reflexo das atividades fisiológicas ( ... ). E, no homem primitivo em que a onda mental está em fase inicial de expansão, o sonho, por muito tempo, será invariavelmente ação reflexa de seu próprio mundo consciencial ou afetivo."
Estaremos, então, durante o repouso noturno, se emancipados espiritualmente, vivenciando cenas e realizando tarefas afins. Procuraremos a companhia daqueles Espíritos que estejam na mesma sintonia, para realizações positivas, visando nosso progresso moral ou em atitudes negativas, viciosas, junto àqueles que, ainda, se comprazem em atos ou reminiscências degradantes, que nos perturbam e desequilibram.
"Há leis de afinidade que respondem pelas aglutinações sócio-morais-intelectuais, reunindo os seres conforme os padrões e valores nos quais se demoram. Parcialmente liberto pelo sono, o Espírito segue na direção dos ambientes que lhe são agradáveis durante a lucidez física ou onde gostaria de estar, caso lhe permitissem as possibilidades normais."
Os sonhos espíritas, isto é, naqueles que nos liberamos parcialmente do corpo e gozamos de maior liberdade, são os retratos de nossa vivência diária e de nosso posicionamento espiritual. Refletem de nossa realidade interior, o que somos e o que pensamos.
"Dorme-se, portanto, como se vive, sendo-lhe os sonhos o retrato emocional da sua vida moral e espiritual."

Exemplos de Sonhos

A literatura espírita é rica em exemplos e narrativas de sonhos espíritas. Temos nas obras psicografadas por Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco e as escritas por Invonne Amaral Pereira, inúmeras descrições destes sonhos.
Neles, vemos a alma emancipada sob a hipnose natural que é o sono, ir a locais e agir por sugestões, as mais variáveis, atraídas sempre aos locais e situações onde se lhe vincula o pensamento. A vontade é direcionada pelo desejo e este age impulsionando a alma na direção do que lhe atrai e constitui motivação principal, na vida íntima.
Nos sonhos, com emancipação da alma, poderemos citar alguns exemplos :
  • reflexos de nosso cotidiano, de nossas preocupações comuns;
  • determinatórios (indicando caminhos, dando avisos ou nos advertindo);
  • premonitórios (prevendo fatos próximos);
  • proféticos (citados na bíblia);
  • instrutivos (fornecendo-nos lições enobrecedoras e conhecimentos do plano espiritual);
  • com experiências negativas;
  • com perseguições de Espíritos inferiores.
"O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono, mas observai que nem sempre sonhais porque nem sempre vos lembrais daquilo que vistes ou de tudo o que vistes; isto porque não tendes a vossa alma em todo o seu desenvolvimento; freqüentemente não vos resta mais que a lembrança da perturbação da vossa partida ou da vossa volta ( ... ); sem isto, como explicaríeis estes sonhos absurdos a que estão sujeitos os sábios como os ignorantes ? Os maus Espíritos se servem dos sonhos para perseguir, atormentar, as almas fracas e pusilânimes."

Recordação dos Sonhos

Na questão 403, do Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga :
"Por que não nos lembramos de todos os sonhos ?"
R : - "Nisso que chamas sono só tens o repouso do corpo, porque o Espírito está sempre em movimento. No sono ele recobra um pouco de sua liberdade e se comunica com os que lhe são caros seja neste ou noutro mundo. Mas, como o corpo é de matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões recebidas pelo Espírito durante o sono, mesmo porque o Espírito não as percebeu pelos órgãos do corpo."
Algumas considerações em torno da resposta acima :
No estado de vigília:
  • as percepções se fazem com o concurso dos órgãos físicos;
  • os estímulos exteriores são selecionados pelos sentidos;
  • são transmitidos ao cérebro pelas vias nervosas;
  • no cérebro físico, são gravados para serem reproduzidos pela memória biológica a cada evocação.
Quando dormimos:
  • cessam as atividades físicas, motoras e sensoriais;
  • o Espírito liberto age e sua memória perispiritual registra os fatos sem que estes cheguem ao cérebro físico;
  • tudo é percebido diretamente pelo Espírito;
  • excepcionalmente, por via retrógrada, as percepções da alma poderão repercutir no cérebro físico;
  • quando lembramos, dizemos que sonhamos.

Conclusão

A análise dos sonhos pode nos trazer informações valiosas para nosso autodescobrimento. Contudo, devemos nos precaver contra as interpretações pelas imagens e lembranças esparsas. Há sempre um forte conteúdo simbólico em nossas percepções psíquicas que, normalmente nos chegam acompanhadas de emoções e sentimentos.
Se, ao despertarmos, nos sentirmos envolvidos por emoções boas, agradáveis, vivenciamos uma experiência positiva durante o sono físico.
Ao contrário, se as emoções são negativas, nos vinculamos certamente a situações e Espíritos inferiores.
Daí a necessidade de adequarmos nossas vidas aos preceitos espíritas, vivenciando o amor, o perdão, a abnegação, habituando-nos à prece, à meditação antes de dormir, para nos ligarmos a valores bons e sintonia superior. Assim, teremos um sono reparador e sonhos construtivos.
SONO & SONHOS - AME / PROGEM

Sono e Sonhos ::

                           Sonhos
Os sonhos fazem parte do nosso dia a dia e todos tem seus significados. Qual será o significado dos sonhos em que não conseguimos ver o rosto das pessoas?

Sono e Sonhos ::

Sonambulismo

425 O sonambulismo natural tem relação com os sonhos? Como se pode explicá-lo?
– É uma situação de independência do Espírito mais completa do que no sonho, porque então suas faculdades abrangem maior amplidão e passa a ter percepções que não tem no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, o Espírito atinge a plena posse de si, é inteiramente ele mesmo; os órgãos materiais, estando de alguma forma em catalepsia, não recebem mais as impressões exteriores. Esse estado se manifesta principalmente durante o sono. É o momento em que o Espírito pode deixar provisoriamente o corpo, estando este entregue ao indispensável repouso da matéria. Quando os fatos do sonambulismo se produzem, é que o Espírito, preocupado com uma coisa ou outra, se entrega a uma ação qualquer que necessita da utilização de seu corpo, do qual se serve, então, de uma maneira semelhante ao que se faz com uma mesa ou com qualquer outro material no fenômeno das manifestações físicas, ou até mesmo de vossa mão, no caso das comunicações escritas. Nos sonhos de que se tem consciência, os órgãos, incluindo o da memória, começam a despertar e recebem imperfeitamente as impressões produzidas pelos objetos ou as causas exteriores e as comunicam ao Espírito, que, em repouso, não se apercebe a não ser de sensações confusas e freqüentemente sem nexo e sem nenhuma razão de ser aparente, misturadas que estão com vagas lembranças, seja desta ou de existências anteriores. Fica então fácil compreender por que os sonâmbulos, enquanto no estado sonambúlico, não têm nenhuma lembrança do que ocorreu, e por que os sonhos, dos quais se conserva a memória, não têm muitas vezes o menor sentido. Digo muitas vezes porque pode acontecer que sejam a conseqüência de uma lembrança precisa de acontecimentos de uma vida anterior e, algumas vezes, até mesmo uma espécie de intuição do futuro.
426 O sonambulismo chamado magnético tem relação com o sonambulismo natural?
– É a mesma coisa; a diferença é que ele é provocado.
427 Qual é a natureza do agente chamado fluido magnético?
– Fluido vital, eletricidade animalizada, que são modificações do fluido universal.
428 Qual é a causa da clarividência sonambúlica?
– Já dissemos: é a alma que vê.
429 Como o sonâmbulo pode ver através de corpos opacos?
– Não há corpos opacos a não ser para vossos órgãos grosseiros; já dissemos que, para o Espírito, a matéria não é obstáculo, uma vez que a atravessa livremente. Freqüentemente, o sonâmbulo diz que vê pela fronte, pelo joelho, etc., porque vós, inteiramente presos à matéria, não compreendeis que se possa ver sem o auxílio dos órgãos da visão. Ele mesmo, pelo desejo que tendes, acredita ter necessidade desses órgãos, mas se o deixásseis livre compreenderia que vê por todas as partes de seu corpo ou, melhor dizendo, vê de fora de seu corpo.
430 Uma vez que a clarividência do sonâmbulo é de sua alma ou seu Espírito, por que não vê tudo e por que se engana freqüentemente?
– Inicialmente, não é dado aos Espíritos imperfeitos tudo ver e conhecer; sabeis que eles ainda participam de vossos erros e preconceitos. Além disso, quando estão ligados à matéria, não usufruem de todos os dons ou faculdades do Espírito. Deus deu ao homem a faculdade do sonambulismo com um objetivo útil e sério e não para o que não deve saber; eis por que os sonâmbulos não podem dizer tudo.
431 Qual a origem das idéias inatas do sonâmbulo e como ele pode falar com exatidão de coisas que ignora quando acordado, que estão acima até mesmo de sua capacidade intelectual?
– Acontece que o sonâmbulo possui mais conhecimentos do que supondes e apenas se acham adormecidos, porque seu corpo é um entrave para que possa se lembrar das coisas. Mas, afinal, o que é ele? Como nós, é um Espírito encarnado na matéria para cumprir sua missão e o estado em que entra o desperta dessa letargia. Nós vos dissemos, repetidamente, que vivemos muitas vezes; é essa mudança que faz o sonâmbulo e qualquer outro Espírito perder materialmente o que pôde aprender em uma existência anterior. Ao entrar no estado que chamais de transe, ele se recorda, mas nem sempre de uma maneira completa; sabe, mas não poderia dizer de onde lhe vem o que sabe nem como possui esses conhecimentos. Passado o transe, toda lembrança se apaga e ele volta à obscuridade.
 A experiência mostra que os sonâmbulos também recebem comunicações de outros Espíritos que lhes transmitem o que devem dizer e suprem sua insuficiência. Isso se vê especialmente nas prescrições médicas: o Espírito do sonâmbulo vê o mal, um outro lhe indica o remédio. Essa dupla ação é algumas vezes evidente e se revela, de forma clara, por essas expressões bastante freqüentes: dizem-me para dizer, proíbem-me de dizer tal coisa. Nesse último caso, há sempre perigo em insistir para obter uma revelação recusada, visto que então são apanhados por Espíritos levianos que falam de tudo sem escrúpulo e sem se preocuparem com a verdade.
432 Como explicar a visão à distância em alguns sonâmbulos?
– A alma não se transporta durante o sono? O mesmo acontece no sonambulismo.
433 O desenvolvimento maior ou menor da clarividência sonambúlica prende-se à organização física ou à natureza do Espírito encarnado?
– A ambas. Existem disposições físicas que permitem ao Espírito se desprender mais ou menos da matéria.
434 As faculdades, os dons dos quais desfruta o sonâmbulo, são as mesmas que o Espírito tem após a morte?
– Até certo ponto, porque é preciso levar em conta a influência da matéria à qual ainda está ligado.
435 O sonâmbulo pode ver os outros Espíritos?
– A maioria os vê muito bem, isso depende do grau e da natureza de sua lucidez, mas algumas vezes não se dá conta disso de início e os toma por seres corpóreos. Isso acontece principalmente com aqueles que não possuem nenhum conhecimento do Espiritismo. Ainda não compreendem a essência dos Espíritos. Isso os espanta e eis por que acreditam estar vendo pessoas vivas.
 O mesmo efeito se produz no momento da morte naqueles que acreditam ainda estarem vivos. Nada a seu redor parece mudado, os Espíritos lhe parecem ter corpo semelhante ao nosso e tomam a aparência do próprio corpo como um corpo real.
436 O sonâmbulo que vê à distância vê do ponto em que está seu corpo ou daquele em que está sua alma?
– Por que perguntais, uma vez que sabeis que é a alma que vê e não o corpo?
437 Uma vez que é a alma que se transporta, como pode o sonâmbulo experimentar em seu corpo as sensações de calor e frio do lugar onde se encontra sua alma, e que está, muitas vezes, bem longe de seu corpo?
– A alma não deixou inteiramente o corpo; está sempre ligada a ele por um laço que é o condutor das sensações. Quando duas pessoas se correspondem de uma cidade a outra por meio da eletricidade6, é a eletricidade o laço entre seus pensamentos. Por esse laço se comunicam como se estivessem ao lado uma da outra.
438 O uso que um sonâmbulo faz de sua faculdade influi sobre o estado de seu Espírito após sua morte?
– Muito, como o bom ou o mau uso de todas as faculdades que Deus deu ao homem.

LIVRO DOS ESPÍRITOS - ALLAN KARDEC

Sono e Sonhos ::

O Livro dos Espíritos

Parte Segunda – Capítulo 8

Da emancipação da alma

O sono e os sonhos

O sono e os sonhos

400 O Espírito encarnado permanece espontaneamente no corpo?
– É como perguntar se o prisioneiro se alegra com a prisão. O Espírito encarnado aspira sem cessar à libertação, e quanto mais o corpo for grosseiro, mais deseja desembaraçar-se dele.
401 Durante o sono, a alma repousa como o corpo?
– Não, o Espírito nunca fica inativo. Durante o sono, os laços que o prendem ao corpo se relaxam e, como o corpo não precisa do Espírito, ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com outros Espíritos.
402 Como avaliar a liberdade do Espírito durante o sono?
– Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, o Espírito tem mais condições de exercer seus dons, faculdades do que em vigília; tem a lembrança do passado e algumas vezes a previsão do futuro; adquire mais poder e pode entrar em comunicação com outros Espíritos, neste mundo ou em outro. Quando dizeis: tive um sonho esquisito, horrível, mas que não tem nada de real, enganais-vos; é, muitas vezes, a lembrança dos lugares e das coisas que vistes ou que vereis numa outra existência, ou num outro momento. O corpo, estando entorpecido, faz com que o Espírito se empenhe em superar suas amarras e investigar o passado ou o futuro.
Pobres homens, que pouco conheceis dos mais simples fenômenos da vida! Julgai-vos sábios e, entretanto, vos embaraçais com as coisas mais simples; ficais perturbados com a pergunta de todas as crianças: o que fazemos quando dormimos? Que são os sonhos?
O sono liberta, em parte, a alma do corpo. Quando dormimos, estamos momentaneamente no estado em que o homem se encontra após a morte. Os Espíritos que logo se desligam da matéria, quando desencarnam, têm um sono consciente. Durante o sono, reúnem-se à sociedade de outros seres superiores e com eles viajam, conversam e se instruem; trabalham até mesmo em obras que depois encontram prontas, quando, pelo desencarne, retornam ao mundo espiritual. Isso deve vos ensinar uma vez mais a não temer a morte, uma vez que morreis todos os dias, segundo a palavra de um santo. Isso para os Espíritos elevados; mas para o grande número de homens que, ao desencarnar, devem permanecer longas horas nessa perturbação, nessa incerteza da qual já vos falaram, esses vão, enquanto dormem, a mundos inferiores à Terra, onde antigas afeições os evocam, ou vão procurar prazeres talvez ainda mais baixos que os que têm aí; vão se envolver com doutrinas ainda mais desprezíveis, ordinárias e nocivas que as que professam em vosso meio. O que gera a simpatia na Terra não é outra coisa senão o fato de os homens, ao despertar, se sentirem ligados pelo coração àqueles com quem acabaram de passar de oito a nove horas de prazer. Isso também explica as antipatias invencíveis que sentimos intimamente, porque sabemos que essas pessoas com quem antipatizamos têm uma consciência diferente da nossa e as conhecemos sem nunca tê-las visto com os olhos. Explica ainda a nossa indiferença, pois não desejamos fazer novos amigos quando sabemos que há outras pessoas que nos amam e nos querem bem. Em uma palavra, o sono influi mais na vossa vida do que pensais. Durante o sono, os Espíritos encarnados estão sempre se relacionando com o mundo dos Espíritos e é isso que faz com os Espíritos Superiores consintam, sem muita repulsa, em encarnar entre vós. Deus quis que em contato com o vício eles pudessem se renovar na fonte do bem, para não mais falharem, eles, que vêm instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu para entrarem em contato com seus amigos do céu; é o recreio após o trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final que deve devolvê-los a seu verdadeiro meio.
O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono; mas notai que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que vistes. É que vossa alma não está em pleno desdobramento. Muitas vezes, apenas fica a lembrança da perturbação que acompanha vossa partida ou vossa volta, à qual se acrescenta a do que fizestes ou do que vos preocupa no estado de vigília; sem isso, como explicaríeis esses sonhos absurdos que têm tanto os mais sábios quanto os mais simples? Os maus Espíritos se servem também dos sonhos para atormentar as almas fracas e medrosas.
Além disso, vereis dentro em pouco se desenvolver uma outra espécie de sonhos1; ela é tão antiga quanto a que já conheceis, mas a ignorais. O sonho de Joana D’arc2, o sonho de Jacó3, o sonho dos profetas judeus e de alguns adivinhos indianos; esse sonho é a lembrança da alma quase inteiramente desligada do corpo, a lembrança dessa segunda vida de que falamos.
Procurai distinguir bem essas duas espécies de sonho dentre os que vos lembrais; sem isso, caireis em contradições e erros que serão funestos à vossa fé.
 Os sonhos são o produto da emancipação da alma, que se torna mais independente pela suspensão da vida ativa e de convivência. Daí uma espécie de clarividência indefinida, que se estende aos lugares mais afastados ou jamais vistos e algumas vezes até a outros mundos; daí ainda a lembrança que traz à memória acontecimentos realizados na existência atual ou em existências anteriores; a estranheza das imagens do que se passa ou do que se passou em mundos desconhecidos, misturadas com coisas do mundo atual, formam esses conjuntos estranhos e confusos que parecem não ter sentido nem ligação entre si.
A incoerência dos sonhos se explica ainda por lacunas que a lembrança incompleta do que nos apareceu em sonho produz. Isso seria como numa narração a qual se tenham truncado frases ao acaso, ou parte de frases; os fragmentos restantes reunidos perderiam toda a significação.
403 Por que nem sempre nos lembramos dos sonhos?
– O que chamais de sono é apenas o repouso do corpo, mas o Espírito está sempre ativo e durante o sono recobra um pouco de sua liberdade e se corresponde com os que lhe são caros, neste mundo ou em outros. Sendo o corpo uma matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, visto que o Espírito não as percebeu pelos órgãos do corpo.
404 O que pensar da significação atribuída aos sonhos?
– Os sonhos não têm o significado que certos adivinhos lhes atribuem. É um absurdo acreditar que sonhar com isso significa aquilo. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens reais ao Espírito, mas muitas vezes não têm relação com o que se passa na vida corporal; são também, como dissemos, uma lembrança. Algumas vezes, podem ser um pressentimento do futuro, se Deus o permite, ou a visão do que se passa nesse momento em um outro lugar para onde a alma se transporta. Não tendes numerosos exemplos de pessoas que aparecem em sonho e vêm advertir seus parentes ou amigos do que lhes está acontecendo? O que são essas aparições, senão a alma ou o Espírito dessas pessoas que vêm se comunicar com o vosso? Quando estais certos de que o que vistes realmente aconteceu, não é uma prova de que a imaginação não tomou parte em nada, principalmente se as ocorrências do sonho não estavam de modo algum em vosso pensamento enquanto acordados?
405 Vêem-se freqüentemente em sonho coisas que parecem pressentimentos e que não se realizam; de onde vem isso?
– Elas podem se realizar apenas para o Espírito, ou seja, o Espírito vê a coisa que deseja porque vai procurá-la. Não deveis esquecer que, durante o sono, a alma está constantemente sob influência da matéria, às vezes mais, às vezes menos, e, conseqüentemente, nunca se liberta completamente das idéias terrenas. Disso resulta que as preocupações enquanto acordados podem dar àquilo que se vê a aparência do que se deseja ou do que se teme. A isso verdadeiramente é o que se pode chamar de efeito da imaginação. Quando se está fortemente preocupado com uma idéia, liga-se a essa idéia tudo o que se vê.
406 Quando vemos em sonho pessoas vivas, que conhecemos perfeitamente, praticarem atos de que absolutamente não cogitam, não é efeito de pura imaginação?
– Em relação a praticar atos de que não cogitam, como dizeis, o que sabeis disso? O Espírito dessa pessoa pode visitar o vosso, como o vosso pode visitar o dela e nem sempre sabeis no que ele pensa. E então, freqüentemente, atribuís às pessoas que conheceis, e de acordo com vossos desejos, o que se passou ou se passa em outras existências.
407 O sono completo é necessário para a emancipação do Espírito?
– Não; o Espírito recobra sua liberdade quando os sentidos se entorpecem. Ele se aproveita, para se emancipar, de todos os momentos de repouso que o corpo lhe concede. Desde que haja debilidade das forças vitais, o Espírito se desprende, e quanto mais fraco estiver o corpo, mais livre ele estará.
 É assim que a sonolência, ou um simples entorpecimento dos sentidos, apresenta muitas vezes as mesmas imagens do sono.
408 Parece-nos ouvir, algumas vezes em nós, palavras pronunciadas distintamente e que não têm nenhuma relação com o que nos preocupa; de onde vem isso?
– Sim, pode acontecer até mesmo ouvirdes frases inteiras, principalmente quando os sentidos começam a se entorpecer. É algumas vezes um eco fraco de um Espírito que deseja se comunicar.
409 Muitas vezes, num estado que ainda não é a sonolência, quando temos os olhos fechados, vemos imagens distintas, figuras das quais observamos os mais minuciosos detalhes; é um efeito de visão ou de imaginação?
– O corpo, estando entorpecido, faz com que o Espírito procure libertar-se de suas amarras. Ele se transporta e vê. Se o sono fosse completo, seria um sonho.
410 Têm-se, algumas vezes durante o sono ou a sonolência, idéias que parecem ser muito boas e, apesar dos esforços para se lembrar delas, apagam-se da memória: de onde vêm essas idéias?
– São o resultado da liberdade do Espírito que se emancipa e desfruta de maneira completa de todas as suas faculdades durante esse momento. São freqüentemente também conselhos que outros Espíritos dão.
410 a Para que servem essas idéias e conselhos, já que se perdem na lembrança e não se podem aproveitar?
– Essas idéias pertencem, algumas vezes, mais ao mundo dos Espíritos do que ao corporal; mas, com mais freqüência, se o corpo esquece, o Espírito lembra, e a idéia revive na ocasião oportuna como uma inspiração de momento.
411 O Espírito encarnado, nos momentos em que está desligado da matéria e age como Espírito, sabe a época de sua morte?
– Muitas vezes a pressente; pode, também, ter uma consciência muito clara dela. É o que, acordado, lhe dá a intuição disso. Eis por que certas pessoas, algumas vezes, prevêem sua morte com grande exatidão.
412 A atividade do Espírito durante o repouso ou o sono do corpo pode fazer com que o corpo sinta cansaço?
– Sim, pode. O Espírito está preso ao corpo, assim como um balão cativo a um poste. Da mesma forma que as agitações do balão abalam o poste, a atividade do Espírito reage sobre o corpo e pode fazer com que se sinta cansado.